Planejamento e Acompanhamento dos Estudos

Uma etapa importante que muitas vezes negligenciamos é o planejamento dos nossos estudos. É comum deixarmos isso de lado e fazermos “o que dá”, seguirmos conforme a maré. No caso de quem faz algum cursinho isso seria como simplesmente assistir as aulas e ir acompanhando o ritmo ditado pelo professor.

Entretanto, acreditamos que essa é uma das etapas mais importantes da preparação. É com base no nosso planejamento que nos damos conta do volume de conteúdos que temos que aprender para a prova, quanto tempo teremos que gastar estudando e o quanto isso vai exigir de dedicação e comprometimento. Ele nos possibilita termos uma maior clareza da nossa performance e do trajeto que precisamos trilhar para alcançarmos nossos objetivos.

É bastante desafiador termos que estudar para uma prova como a Anpec, que abrange uma quantidade grande de tópicos, ainda mais se não tivermos visibilidade do que fazer ou de quão boa ou ruim está nossa performance. Através do planejamento (e acompanhamento) das suas atividades, você conseguirá definir qual é a estratégia que vai seguir e o que fazer. Dessa forma, você ficará menos dependente da sua motivação interior para conseguir manter o ritmo, pois as suas tarefas já estarão pré-definidas no planejamento.

Recebemos vários e-mails de pessoas perguntando o que fazer para manter a motivação nos estudos ao longo do ano e um dos principais itens nesse sentido é justamente fazer um plano de estudos. Seria uma espécie de guia com tudo o que você precisa fazer em cada dia ou semana para chegar ao nível desejado para a prova. Dessa forma, quando você for sentar para estudar, você já sabe até que ponto deve ir naquele dia, dando menos chance da preguiça falar mais alto e de você deixar os estudos acumularem para o dia seguinte.

Não adianta nada esperar chegar agosto ou setembro para só então perceber que não vai ter tempo hábil para cobrir todo o conteúdo que você deveria aprender e ainda revisar a matéria. É péssima a sensação de sentir que se tivéssemos feito um pouquinho a mais, nossas chances de passar seriam muito maiores.

Tem vezes que, mesmo planejando, não conseguimos estudar tanto quanto gostaríamos. Pode acontecer algum imprevisto ou acabarmos demorando mais do que o que havíamos imaginado inicialmente para entender um tópico. Isso faz parte. O perigoso é não termos a clareza do que estamos abrindo mão ao deixarmos as coisas ao acaso.

Para exemplificar o que estamos falando, citaremos o caso da Liz (se quiser saber melhor quem ela é, clique aqui). Para estudar para a Anpec, ela se matriculou em um cursinho presencial no início do ano. De janeiro a abril, ela foi em todas as aulas direitinho e seguia os tópicos conforme eram dados em aula pelos professores. Entretanto, mesmo assim, ela se sentia completamente à deriva e sem confiança nenhuma de que iria ser bem colocada na prova. Nesse momento, ela teve uma conversa séria com o Douglas e, depois de um pequeno estresse, se deu conta de que realmente estava se dedicando de maneira completamente errada e sem controle nenhum da situação.

Ela não tinha um planejamento de estudos, mas acreditava que seria possível ver toda a matéria, revisar e fazer simulados dos últimos 10 anos até o final de agosto (escrevemos aqui sobre a metodologia que utilizamos). Era essa a sua meta. Foi só quando colocou tudo o que ela gostaria de fazer no papel (ou, no caso, numa planilha do Excel) que percebeu que estava atrasada e que se não começasse a estudar mais horas e a cobrir mais exercícios por dia, não teria tempo de ver nem metade do que gostaria.

Depois de ter feito o plano de estudos, ficou muito mais claro o que ela precisava fazer para correr atrás do prejuízo e o quanto precisaria se dedicar para conseguir estar bem preparada até setembro.  Se não tivesse feito o plano, possivelmente só perceberia tarde demais que tinha estudado pouco e as suas chances de passar seriam drasticamente reduzidas.

Junto com o planejamento, vem também o acompanhamento e monitoramento do seu desempenho. De nada adianta perder horas de nossas vidas planejando, se não conseguirmos executar as atividades e replanejar o que não deu tempo de fazer.

O planejamento e acompanhamento de suas atividades são vitais para trazer visibilidade do seu desempenho. Através deles, você vai conseguir ver com maior precisão a quantidade de horas que precisa estudar e como alocar essas horas.

Nosso tempo é um recurso limitado e precisamos alocá-lo de maneira sábia. Muitas vezes, será necessário abrir mão de estudar certas coisas para que você possa se dedicar mais a outras que poderão fazer uma maior diferença no seu desempenho na prova.

Aqui vão algumas dicas de como fizemos para nos planejar e das ferramentas que nós utilizamos para organizar e acompanhar nossa rotina de estudos.

Plano de Estudos

Primeiramente: qual é a diferença entre o planejamento e o plano de estudos?

Basicamente, o plano de estudos seria o produto final do seu planejamento. Ele é como um guia com a lista de todas as atividades que você tem que fazer em cada dia, ou seja, o plano de estudos vai conter tudo o que você pretende fazer até a data do exame de acordo com a estratégia que você tiver definido para seus estudos.

E como fazer para montar um plano de estudos?

Vamos explicar aqui a forma que nós utilizamos para nos organizar para que você possa ter um exemplo mais concreto, mas lembre-se de que cada pessoa funciona melhor de um jeito. Colocaremos alguns prints do plano de estudos da Liz e deixaremos uma planilha de exemplo disponível para download aqui.

Bom, o primeiro passo seria você escrever todos os tópicos que deve estudar de cada matéria para saber tudo o que precisa cobrir nos seus estudos.

Depois, você pode separar quantos exercícios caíram de cada matéria nos últimos 10 anos de prova, se você estiver estudando com aqueles livrinhos de resolução de exercícios da Anpec, essa parte é um pouco mais fácil.

Sabemos que existem tópicos que são mais cobrados na prova do que outros. Por exemplo, na prova de matemática, em geral, temos de 3 a 5 questões de funções, ao passo que temos uma única questão de conjuntos.

Vale ressaltar que achamos bastante importante basear seus estudos em cima das provas dos anos anteriores, pois o conteúdo não muda abruptamente de um ano para o outro e, dessa forma, você consegue direcionar melhor seus esforços.

Depois de separados os exercícios de cada matéria, você pode analisar quais são as matérias que você tem mais ou menos familiaridade e por onde deseja iniciar os seus estudos. E então escrever tudo o que você pretende fazer para estar bem preparado para a prova: todos os exercícios que gostaria de resolver, quantos simulados você quer fazer, etc.

Por fim, você deve verificar quantas horas terá disponível para se dedicar aos estudos (quais dias da semana e quais períodos). Então, você pode alocar cada atividade que deseja realizar até a data da prova por semana (ou, ainda melhor, por dia).

Nessa etapa, você pode perceber que o tempo que disponibilizou para estudo não é suficiente. Se for o caso, você tem duas saídas: primeira, você pode escolher tirar algumas atividades que considera menos importantes; segunda (e mais indicada), você pode aumentar o tempo que separou para estudar. Por mais que seja um problema a ser contornado, pelo menos foi algo que o plano de estudos te ajudou a visualizar logo!

De fato, dá um certo trabalho fazer isso. Mas é importante ser específico para que você saiba exatamente tudo o que precisa ser feito. Vale a pena gastar esse tempinho para se organizar, isso vai alavancar seus estudos futuramente e vai te poupar o sentimento de desespero de não saber o que fazer e de não saber se vai chegar onde deseja no fim das contas.

Nós fizemos o plano em uma planilha do Excel, mas você também pode fazer no papel, em alguma agenda ou em qualquer outro lugar que preferir. O mais importante aqui é ter uma boa noção de tudo o que precisa ser feito e o quanto de dedicação vai precisar.

Claro que não existe uma maneira única de fazer e o que funcionou para a gente, não necessariamente se encaixaria perfeitamente para você. O importante é conseguir planejar algo que caiba na sua rotina e que seja factível para você não se sobrecarregar demais e acabar se desmotivando.

Acompanhamento

Depois que você já tiver montado bonitinho seu plano de estudos, “basta” seguir o que você planejou. Mas não se iluda, as coisas raramente saem exatamente como a gente planejou, e é aí que entra o acompanhamento.

Pode ser que você acorde um dia passando muito mal e você não tenha concentração o suficiente para estudar, ou que apareça algum compromisso de última hora e você não consiga fazer tudo o que havia planejado, ou ainda, pode ser que você tenha que gastar mais tempo em um determinado tópico do que havia previsto. Tudo isso faz parte. Não é porque as coisas não saíram como você havia calculado que você tem que se frustrar e abandonar o seu plano de estudos. O acompanhamento entra aí, pois ele nada mais é do que você ir verificando seu progresso dia após dia e atualizando seu plano. Ou seja, ir verificando se conseguiu realmente cumprir o que havia planejado para aquele dia e, caso não tenha sido possível, realocar as atividades no seu plano de estudos.

Bônus 1: técnica do pomodoro

A técnica do pomodoro é uma técnica de concentração já bastante difundida. Basicamente, ela parte do princípio de que não conseguimos nos manter concentrados por um longo período de tempo.

Para aumentar seu foco e sua produtividade, a ideia seria, então, você dividir seus estudos em blocos de 25 minutos separados por intervalos de 5 a 10 minutos, mais ou menos. Ou seja, tentar não se forçar a estudar por muitas horas seguidas.

Dessa forma, as chances de você conseguir se manter concentrado e imune às distrações são bem maiores, pois você tem alguns minutos separados para fazer uma pausa para ver suas mensagens no celular, fazer um lanchinho ou ir ao banheiro, ao invés de ficar se desconcentrando a cada momento para fazer essas atividades.

Para isso é recomendado utilizar um cronômetro para contabilizar o tempo certinho e um bloco de anotações, onde você possa anotar tudo o que deseja realizar naquele intervalo de tempo.

Existem diversos artigos na internet explicando detalhadamente a técnica do pomodoro, se você tiver interesse em saber basta fazer uma pesquisa no Google que irá encontrar muitas referências.

Bônus 2: dica de aplicativo

Um aplicativo que usamos muito e que vai exatamente em linha com a técnica do pomodoro foi o Forest (https://www.forestapp.cc/).

É uma espécie de cronômetro que você pode usar toda vez que for estudar uma determinada matéria para saber quanto tempo ficou realmente focado. Ele é bem intuitivo de usar: toda vez que você for estudar, você define por quantos minutos quer ficar concentrado e planta uma arvorezinha pelo aplicativo. Essa árvore vai crescendo e quando der o tempo que você tinha configurado, ela se torna parte do seu jardim.

O legal é que, enquanto sua árvore está crescendo (ou seja, enquanto você estiver estudando), se você abrir qualquer outro aplicativo no seu celular, como Whatsapp, Instagram ou Facebook, sua arvorezinha morre. O que ajuda quem tem dificuldade em se concentrar realmente e fica mexendo no celular a cada cinco minutos.

Pelo aplicativo, você também consegue criar labels e depois dá pra ver direitinho quantas horas estudou de cada matéria por dia.

*Note no gráfico acima que a partir de maio, que foi o mês em que a Liz fez o plano de estudos, ela começou a estudar muito mais horas.

Este artigo foi escrito por Liz Matsunaga.