Depoimentos

Experiências na pós graduação em economia

Algo que pode ajudar bastante em momentos de indecisões é saber mais sobre experiências de pessoas que trilharam o caminho que você tem interesse.

Sabemos que não é todo mundo que conhece alguém que fez mestrado/doutorado em Economia para conversar, tirar dúvidas e saber mais sobre o curso. Para facilitar essa troca, criamos aqui um espaço onde compartilharemos depoimentos de pessoas que já passaram por essa experiência.

As opiniões publicadas são individuais e, como geralmente acontece, essas opinião serão parciais e refletirão um ponto de vista específico – só porque a pessoa amou ou odiou o seu mestrado, isso não significa que lá é o melhor ou pior lugar para todos. No final das contas, existem muitas opções excelentes e você deve escolher a que melhor se adequa a você e aos seus objetivos!

Se quiser compartilhar sua experiência, será muito bem-vindo! É só mandar um e-mail para: contato@cursinhosimples.com.br

Quanto mais diversidade tivermos, mais percepções diferentes conseguiremos transmitir.

Depoimentos

EPGE (FGV-RJ)

Alexandre Valério fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na EPGE em 2022.

O mestrado e os dois primeiros anos do doutorado na FGV EPGE são praticamente os mesmos, então acredito que esse relato seja útil para ambos.

O mestrado da EPGE é dividido em duas etapas. Na primeira etapa, que é o 1° ano, você vai cursar 11 matérias divididas ao longo de 4 trimestres com período de provas sempre muito bem definido. No primeiro trimestre você cursa Análise Matemática I e II, cada uma tem um mês e meio de duração (mais ou menos). Essas disciplinas podem assustar inicialmente pois (acredito) que a maioria das graduações de economia do país não exigem tanto formalismo quanto essas disciplinas.

Passado o “warm-up”, que é o primeiro trimestre, do segundo ao quarto trimestre são sempre três matérias com período de provas também muito bem definidos. Daqui em diante acredito que o mais importante é se manter organizado e não deixar acumular matérias. Felizmente os professores fornecem listas de exercícios que (em geral) são um bom guia de estudos para as provas. Essas listas podem ou não contar para a nota final da disciplina, isso depende muito do professor que está dando a disciplina. Mas independente de contar ou não, é bom que se esforce para fazer todas elas! Normalmente essas listas são corrigidas em monitorias e, como disse acima, são (em geral) um bom termômetro para a prova.

Duas dúvidas que eu particularmente tinha antes de entrar no mestrado era com relação à exigência da língua inglesa e programação. Vou falar disso a seguir:

Quanto à língua inglesa, todo material é em inglês. Então é muito importante se sentir confortável na leitura. Algumas aulas podem ser ministradas em inglês, isso depende do professor que está dando a disciplina e pode variar bastante. Acho importante dizer que desde que você tenha um nível razoável para bom, a aula em inglês é algo que você se acostuma com 1-2 semanas. Além disso, você não precisa se preocupar caso não entenda algo porque você vai de fato aprender o conteúdo dado fazendo as listas de exercícios.

Quanto a programação, quanto mais você souber antes de entrar no mestrado melhor. Caso você não saiba nada (quase nada no meu caso), é possível ir aprendendo ao longo das disciplinas. Normalmente cada lista de exercícios fornecida pelos professores tem de 1-3 exercícios de programação. É possível até que tenham questões de programação durante a prova, algo como: “Escreva um pseudocódigo que faça tal coisa.” Apesar de raras esses tipos de questão, historicamente já aconteceram. Por fim, as linguagens de programação mais utilizadas são R e Stata em estatística e MATLAB e Julia em Macro.

Eu recomendo fortemente que você faça algum curso rápido de R para se familiarizar com a linguagem antes de entrar no mestrado ou ao longo do primeiro ano (eu fiz ao longo do primeiro trimestre). Para aprender Julia (que foi a linguagem que escolhi), o material do QuantEcon é mais que suficiente pra quase tudo que você vai fazer no primeiro ano (de Macro). Está me ajudando inclusive com a dissertação.

A segunda etapa é o segundo ano. Aqui o aluno deve cursar 5 matérias optativas, obter presença nos seminários e fazer a dissertação. Em geral, ao final de cada disciplina optativa o aluno deve entregar um projeto de pesquisa relacionado a matéria que acaba contando como a avaliação da disciplina. Não é incomum que o tema da dissertação seja um desses projetos que devem ser entregues. Acredito inclusive que isso é o que é esperado pelo programa.É esperado que até o final do mês de junho do segundo ano o aluno já tenha um tema e orientador definidos. Mas ninguém vai ficar te cobrando isso e você não precisa se desesperar. Tem casos de alunos que só se decidiram em agosto/setembro.

As possibilidades de renda extra são diversas. Os alunos podem tentar monitoria para os alunos do primeiro ano do mestrado, do mestrado profissional, MBA e da graduação. Além disso existe possibilidade de conseguir algum trabalho de assistente de pesquisa com os professores.


Depoimento escrito em outubro de 2023.

PUC-RJ

Caio fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na PUC-RJ em 2022.

O que me levou pra PUC-Rio foi uma mistura de interesse pelo corpo docente, bom histórico de aprovação em PhDs (acabei não aplicando) e um ambiente legal. Se fosse pra voltar, teria feito tudo igual. Acho que no fundo as diferenças para outros centros não são enormes, mas fiquei feliz com minha decisão. 

O mestrado é bem puxado, mas vale a pena se sua ideia for trabalhar com economia. O maior desafio foi enfrentar uma rotina com a qual não estava muito acostumado: horas e horas de estudo, todo dia. No geral, eu tentava colocar essa fase em perspectiva, enxergando como um pouco de sofrimento ia valer a pena no final. Na hora, tende a ficar meio estressante. No segundo ano as coisas melhoram um pouco. 

Tive oportunidade de participar de uns projetos de pesquisa, o que está sendo bem bacana. Consegui fazer matérias eletivas de macro e econometria, como eu planejava. Recomendo mestrado e recomendo a PUC-Rio!


Depoimento escrito em julho de 2023.

Guilherme fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na PUC-RJ em 2022.

Oi, sou o Guilherme. Escrevo esse depoimento no momento em que desenvolvo minha pesquisa (meados do segundo ano).

Fiz graduação na UEL, Universidade Estadual de Londrina-PR, durante 2016-2021. Nunca tive grande interesse em fazer doutorado fora, mas mesmo assim vejo muitos fatores que favorecem à escolha pelo mestrado. Há um ganho muito grande em relação à carreira. O mestrado te dá ferramentas e uma base muito boa para o mercado. Decidi fazer o mestrado porque, além desses motivos, sentia que faltava algumas lacunas à serem preenchidas. Para tanto, fiz o cursinho Simples durante os anos 2020 e 2021. Não há a necessidade de fazer o cursinho em dois anos, fiz porque ainda estava com a graduação em andamento em 2021. A escolha pela PUC veio por querer trabalhar com um professor específico de lá.

Vou tentar organizar a estrutura do mestrado na PUC de forma temporal. Nos primeiros dois meses, temos o curso de verão composto por Matemática e Estatística. Há uma semana de folga antes de começar o primeiro semestre com Micro 1, Macro 1 e Econometria 1, onde as três matérias são obrigatórias. Após um mês de férias, temos o segundo semestre com uma última matéria obrigatória de Micro 2 e, normalmente, os alunos fazem mais duas matérias optativas. O primeiro ano é bem intenso, costuma começar nos primeiros dias de Janeiro (no meu ano começou dia 3) e acaba no começo de Dezembro (mas alguns trabalhos podem ter prazos até Janeiro). No início do segundo ano, precisa fazer um paper de verão que em alguns casos é o ponta pé inicial para o que será feito na tese de dissertação. No total são três matérias optativas e os alunos costumam fazer sua última matéria optativa durante o primeiro semestre do segundo ano. O restante do tempo você se dedica à tese. Particularmente, gostei dessa estrutura que, apesar de apertar muita matéria no primeiro ano, compensa muito no tempo em que você terá disponível para tese. Um ponto negativo das matérias serem semestrais é que você não vai conseguir adaptar para ter somente o conteúdo que de fato quer ter (mesmo assim, há a possibilidade de fazer matérias de ouvinte).

O nível de matemática é bem alto, então se conseguir fazer algum curso de análise, vai te ajudar bastante durante todo o mestrado. Seminários, grupos de micro/macro e também algumas aulas podem ser ambientes com comunicação em inglês por causa de professores estrangeiros, então certifique-se de estar em um bom nível, pois isso te ajudará a tirar maior proveito nesses ambientes. Programação é algo que vai ser demandado em alguns momentos durante o mestrado, as linguagens mais usadas são R, Matlab e Python.

Em relação à parte financeira, a PUC pagou bolsa para todos alunos da minha turma. Caso o aluno não seja do Rio e tenha um bom resultado na anpec, há um auxílio durante todo o mestrado no valor de mil reais por mês. Durante o primeiro ano só dá pra fazer o mestrado, e normalmente o custo de vida próximo à PUC não é suprido pela bolsa. No segundo ano há diversas oportunidades de ter renda extra com monitorias, assistência de pesquisa, correções de provas, etc. Há também uma bolsa extra para os dois alunos com melhores notas no primeiro ano, algumas bolsas que empresas pagam para alunos que estão pesquisando algo alinhado ao seus interesses, prêmios em dinheiro para os melhores papers de verão. Dentro da PUC tem o bandeijão que oferta almoço e janta no valor de R$12,50 cada.

Na minha visão, o ambiente e convivência na PUC foi/é muito bom. Há uma relação bem direta entre alunos e professores. Em relação à pesquisa, estou recebendo bastante orientação (reuniões semanais). Independente do seu resultado no mestrado, você consegue ter suporte de professores (os quais teve maior proximidade) caso queira aplicar para phD ou mercado. Um ponto que destacou bastante foi o nível de seriedade que a pesquisa é levada. O paper de verão no começo do segundo ano exige que você comece a trabalhar em algo que potencialmente venha a ser sua tese muito cedo. Há um workshop e grupos de macro/micro onde você terá a oportunidade de apresentar seu trabalho.

No fim das contas, acho que o custo do mestrado é bem alto. Na parte financeira, precisa-se de suporte. Seu tempo será dedicado totalmente ao mestrado durante o primeiro ano. Estar entre pessoas extremamente produtivas e inteligentes também tem seu preço psicológico. Mesmo assim, acho que o balanço é positivo. As ferramentas adquiridas te colocam em um outro nível. Sua carreira, seja acadêmica ou não, será alavancada pelo mestrado.


Depoimento escrito em julho de 2023.

Lucas Zaniboni tem 27 anos e formado em Economia pela FEA-USP em 2015. Fez o mestrado em Economia na PUC-Rio entre 2017 e 2019.

Sou de Mogi-Mirim, em São Paulo, e me formei economista pela FEA-USP em 2015. Entre 2017 e 2019 fiz meu mestrado acadêmico em economia na PUC-Rio. Na minha dissertação trabalhei com o professor Carlos Viana sobre o tema de Comunicação do Banco Central. Atualmente trabalho como economista na Garde, uma gestora de recursos, cobrindo inflação e contas externas do Brasil.

Minha decisão pelo mestrado começou a se formar durante um estágio em pesquisa econômica no Bradesco. Depois de estagiar no Bradesco, estagiei na Garde também em pesquisa econômica e me tornei economista jr em 2016. Durante essas oportunidades de trabalho, percebi que todos economistas sêniores tinham pelo menos um título de mestrado; a alternativa a não fazer o curso era limitar logo de cara o desenvolvimento na carreira.

Ao fim de 2015, decidi fazer o mestrado; me preparei para prestar a Anpec em 2016. Deixar mais para frente aumentaria sobremaneira o custo de oportunidade de fazer mestrado. A preparação foi difícil, uma vez que deixar de trabalhar não era uma alternativa financeira para mim naquela época. Estudando apenas fora do horário de trabalho, me programei semanalmente para conseguir cobrir todo o material necessário para a Anpec. Ralei bastante nessa época, mas no fim valeu a pena.

Gostei muito do mestrado da PUC-Rio. O curso dura dois anos e tem estrutura semestral, no formato de divisão dos cursos parecidos com muitas graduações. Em janeiro e fevereiro do primeiro ano acontece o verão, com matemática e estatística. Foi um baque; uma carga de conteúdo impressionante. No primeiro semestre, o trio de econometria, micro e macroeconomia fecham a grade como obrigatórias. No segundo, uma disciplina de microeconomia é obrigatória e em geral mais duas optativas. No total, precisa-se de três optativas para completar os créditos.

O segundo ano é mais focado no desenvolvimento da tese de mestrado. O processo de dissertação é bastante completo na Puc. No verão do segundo ano, escreve-se um mini paper com um primeiro mergulho em pesquisa econômica da academia. Existe um prêmio para os melhores colocados como forma de incentivo.

Todos os alunos tem bolsa de estudos; geralmente da CAPES. Os melhores colocados na Anpec e que eram de outras cidades recebiam um auxílio moradia extra, mais ou menos equivalente a meia bolsa regular. Ainda, os dois melhores alunos do primeiro ano em termos de notas receberam bolsa dobrada no segundo ano. Existe também uma parceria externa com uma gestora de recursos do Rio de Janeiro que fornece bolsa de estudo para alunos que atingem certos critérios. Como uma entidade privada de estudos, existem muitas outras oportunidades de obtenção de renda extra, seja via monitorias ou assistência de pesquisa. Morar no Rio de Janeiro foi uma experiência incrível, mas tem seu preço. Essas alternativas de renda oferecidas pela Puc ajudam a suavizar o processo.


Depoimento escrito em janeiro de 2020.

Kaian Oliveira fez graduação em economia na FEA-USP e o mestrado na PUC-RJ. Sua área de pesquisa no mestrado foi na área de finanças, mais especificamente em previsibilidade de retornos. Atualmente trabalha como economista internacional em um fundo chamado Parcitas.

Minha decisão pelo mestrado foi um pouco tardia e surgiu principalmente após tomar contato com a pesquisa e programação na minha monografia da graduação. Além disso, incentivo de amigos que haviam entrado no mestrado e a vontade de aprender mais sobre finanças foram fatores determinantes no meu processo de decisão.

Como forma de me preparar para a Anpec eu optei por fazer o cursinho do Insper, mas como trabalhava eu tive de fazer um acordo com meus antigos chefes para que pudesse frequentar o cursinho no período de manhã e compensar ficando até mais tarde. Acredito que o “turno dobrado” foi um dos principais desafios que acabei enfrentando, tanto que por medo de não conseguir passar acabei saindo do trabalho 2 meses antes da prova para me dedicar integralmente ao estudo para a prova.

Como é a estrutura do curso de mestrado na sua instituição?

A estrutura do curso é semestral com matérias obrigatórias : Matématica e estatística (verão), Micro 1 e 2, Macro 1 e Econometria 1. Como complemente ao quadro obrigatório o aluno ainda tem de fazer 3 matérias optativas, um artigo de verão nas férias do primeiro ano e um Workshop do andamento da tese no meio do segundo ano. Além desses pontos obrigatórios também existem grupos de estudo e micro, finanças e macro e apresentações regulares de artigos por professores convidados.

Tinha bolsa de estudos para todos que foram aceitos? Existia alguma outra forma de trabalho remunerado na instituição?

Até onde eu saiba a PUC oferece bolsa para todos os alunos e também um adicional para alunos que vieram de fora do Rio, a depender da colocação na ANPEC. Outras fontes de renda são possíveis a partir do meio do primeiro ano, podendo ser monitoria na graduação, correção de provas da graduação, assistência de pesquisa com professores (a partir do segundo ano) e monitoria no mestrado profissional.

Quais são os pontos fortes da instituição que você fez o seu curso? E os pontos fracos?

Pontos fortes são a boa convivência e qualidade entre professores e alunos, o fato da PUC sempre colocar os alunos que querem PhD nas melhores instituições do mundo e por ser um local tanto para alunos mais teóricos quanto para alunos mais ligados a prática/empírico que era o meu caso. Como pontos fracos é a existência de uma rotação de professores (alguns acabam indo dar aula no exterior) o que pode causar períodos de alguma instabilidade, mas nada que atrapalhe o todo.

Quais foram as suas principais dificuldades no mestrado/doutorado?

Acredito que minha principal dificuldade foi manter a motivação alta para me dedicar a matérias que não eram de meu interesse principal, uma vez que como não queria fazer o PhD estava mais interessando em me desenvolver na parte de pesquisa e aprender sobre macro e finanças.

Quais foram as principais oportunidades que apareceram durante/após o mestrado/doutorado?

Durante o mestrado surgiram oportunidades de auxiliar professores com assistência de pesquisa e um ou outro trabalho de consultoria. Ao fim do mestrado quando fui procurar emprego tive oportunidade de conversar com diversos fundos tanto do Rio quanto de São Paulo.


Depoimento escrito em dezembro de 2019.

FEA-USP

Pedro fez Anpec em 2021 e iniciou o mestrado em 2022.

Gostei bastante do mestrado na USP. O programa segue o mesmo caminho das melhores universidades mundo afora. Com certeza oferece uma base forte para quem quer fazer doutorado (fora ou aqui) e abre portas também no mercado de trabalho.

O primeiro ano realmente consome um grande esforço de estudo em tempo integral, mas no segundo ano o ritmo diminui. De maneira prática, em termo de remuneração, dá para aumentar o seu salário a partir do segundo semestre sem problemas. Basta ficar alerta para o curso pedagógico que acontece no primeiro semestre que te habilita para ser monitor da graduação pelo programa PAE (no valor de R$ 800). Da para fazer PAE até o fim do mestrado. Fora outras bolsas que surgem em projetos variados com salários que vão até R$1800 (a maior que vi), incluindo monitoria da própria pós (R$ 1100 ou 1300, não lembro exatamente) para os alunos novatos, uma vez que você estiver no segundo ano. Verba para participação de congressos com trabalhos aceitos também é garantida. 

O clima, apesar de depender da turma que entra, na minha experiência foi muito bom. Zero competitividade tóxica e muita colaboração. Por fim, a USP como instituição também oferece vantagens muito interessantes. O espaço aberto, arborizado e o CEPEUSP, que é o clube da USP em que você pode fazer praticamente qualquer atividade física, incluindo cursos de natação, atletismo etc de graça. E o acesso ao clube é vitalício, uma vez tendo sido aluno.


Depoimento escrito em agosto de 2023.

Rafael fez Anpec em 2021 e iniciou o mestrado em 2022.

O mestrado na USP, diferentemente das outras TOP 4, é organizado em cursos bimestrais. Apesar dessa diferença, o core do primeiro ano é o mesmo: matérias de micro, macro e econometria. A partir do quarto bimestre do primeiro ano, ficamos mais livres para realizar disciplinas optativas e iniciar o projeto de dissertação.

Há varias possibilidades na hora de escolher quais optativas cursar, mas geralmente seu orientador (que no caso da USP você deverá escolher até agosto/setembro do primeiro ano) fará sugestões de quais selecionar. Essas disciplinas são bem aplicadas e vão te ajudar bastante na dissertação.

O primeiro ano é de longe o mais difícil e puxado, a estrutura bimestral deixa o intervalo entre provas bastante curto, então é comum ter uma semana com 2 ou até mesmo 3 provas. Mas no geral os professores se mostram flexíveis (na medida do possível) para agendá-las.

Estando no final do segundo ano do mestrado, afirmo que após o fim das obrigatórias a vida fica muito mais tranquila. Temos diversas oportunidades de assumir outras responsabilidades e com isso outras fontes de renda, ministrando monitorias, assistência de pesquisa, etc.

Valeu muito a pena ter escolhido a FEA-USP, o clima entre os alunos é bem tranquilo e não há competitividade. As turmas são bem unidas e sempre há espaço para eventos sociais e confraternizações entre as turmas de mestrado e doutorado. Além disso, a infraestrutura da USP é excelente, vale a pena pesquisar sobre o campus e as atividades extra-curriculares que podem ser realizadas por todos os alunos.


Depoimento escrito em julho de 2023.

Liz fez a prova da Anpec em 2017 e iniciou o mestrado em Economia no IPE-USP em 2018.

Como é a estrutura do curso de mestrado na sua instituição?

Na USP temos, no primeiro ano, o curso de verão e as matérias obrigatórias. O curso de verão acontece logo no início do ano – janeiro e fevereiro – onde vemos estatística e matemática (análise). Depois, começam as matérias obrigatórias de micro, macro e econometria, onde vemos o básico de cada uma dessas matérias. Sendo que, no segundo semestre, você deve escolher se deseja fazer micro II ou macro II. Além disso, a partir desse semestre, você pode começar a escolher matérias eletivas também.

O primeiro ano é bastante puxado e exige uma dedicação muito grande. Até para quem já tem a graduação em Economia, o curso é difícil – tanto pelo alto nível de exigência, quanto pela própria abordagem das matérias em si, que é vista com muito rigor matemático, bem diferente da forma com que é visto na graduação.

No final do primeiro ano, também temos que definir o nosso projeto de pesquisa. Eu acho que essa é uma coisa legal da USP, pois, apesar de ser um pouco cansativo ter que definir a pesquisa nesse momento, acaba te forçando a começar a desenvolver logo o seu projeto, possibilitando um maior tempo de dedicação a ela.

Tinha bolsa de estudos para todos que foram aceitos? Existia alguma outra forma de trabalho remunerado na instituição?

Sim, todos os que entraram comigo tiveram bolsa de estudos até o final do curso.

Sobre outras formas de trabalho remunerado, elas se tornam mais plausíveis a partir do segundo semestre do primeiro ano, já que no primeiro semestre é um pouco difícil se dedicar a qualquer outra coisa que não sejam as matérias.

O ponto positivo é que passando esse primeiro semestre, existem muitas opções na USP, como monitoria, assistência de pesquisa, aulas particulares, assistência no departamento, etc. Ou seja, é bem tranquilo conseguir atividades remuneradas para complementar a bolsa.

Como a FEA tem uma graduação de Economia bem grande, abrem muitas vagas para monitores a cada semestre, então, se você tiver interesse, é só se inscrever no programa que você será alocado para alguma das matérias que tiver preferência.

Eu mesma fui monitora de duas matérias para a graduação e também dei muitas aulas particulares, o que deu uma boa ajuda financeira.

Fora isso, você também terá contato com muitos professores e, se tiver interesse, poderá se tornar assistente de pesquisa. Tem gente que pega assistência de pesquisa fora da USP também, tanto no Insper, quanto na EESP. E vira e mexe aparecem vagas para assistência de pesquisa para professores de universidades estrangeiras – o que pode ser bem legal!

Quais são os pontos fortes da instituição em que você fez o seu curso?

Acredito que o mestrado na USP te dá uma base analítica e acadêmica muito forte. Sinto que tive um salto enorme de aprendizado nesses dois anos de mestrado – o curso é bastante intenso e os professores puxam bastante.

O departamento de Economia também é bem grande e diversificado – temos muitos professores de diferentes áreas e vários grupos de estudos. A minha pesquisa é relacionada à economia do meio ambiente (microeconomia aplicada) e faço parte do Nereus, que é um grupo de pesquisa de professores relacionados à área de regional e urbana e meio ambiente.

No meu grupo, temos encontros semanais para discutir o andamento da nossa pesquisa e receber o feedback do orientador e outros colegas, além dos seminários específicos da área. É uma troca bastante rica, o pessoal ajuda bastante e você fica menos travado com a pesquisa, porque vira e mexe tem alguém que te dá o caminho das pedras.

Além da ótima preparação acadêmica, também tem vários outros pontos bem legais a serem enfatizados na USP. O primeiro deles é que ela é, de fato, uma universidade, ou seja, estamos muito próximos de várias outras faculdades e é tranquilo pegar optativas em outros departamentos. Eu fiz uma matéria no Instituto de Energia e Ambiente e tem gente que acaba pegando disciplinas do departamento de Matemática e Estatística, por exemplo.

Também temos o CEPE, que é um clube de esportes, onde você pode fazer natação, corrida, musculação e várias outras atividades físicas. Além do restaurante universitário, nosso querido bandejão, onde você consegue almoçar e jantar por 2 reais. Considero isso, um ponto bem positivo, pois São Paulo é uma cidade cara e, dessa forma, você já economiza tempo e dinheiro.

Sem contar que o ambiente é bastante agradável, a cidade universitária é bem ampla e arborizada assim, quando você estiver se sentindo mentalmente exausto, é possível sair para dar uma voltinha e tomar um ar.

Quais foram as suas principais dificuldades no mestrado?

O primeiro ano é bastante difícil e exige uma organização, foco e bastante disciplina para conseguir equilibrar todas as matérias. É muito difícil conciliar o mestrado com outras atividades fora dali e pode gerar um estresse emocional intenso.

Nós não temos férias depois do curso de verão, assim que ele acaba já começa o primeiro semestre com as matérias obrigatórias, o que é bem puxado e você não pode bobear com o cronograma de estudos, senão as coisas começam a se acumular e vai virando uma bola de neve.

Eu tinha diversos compromissos que fazia fora da universidade e, hoje, tenho ciência de que eles acabaram prejudicando um pouco o meu desempenho acadêmico. Sem contar que tive que me mudar no meio do semestre, o que tornou tudo mais estressante. O ideal seria você resolver todas as suas pendências da vida pessoal no início do semestre para conseguir se dedicar 100% aos estudos, mas sabemos que surgem imprevistos, por isso é importante manter um bom ritmo de estudos desde o começo.

Quais foram as principais oportunidades que apareceram durante o mestrado?

Tive a oportunidade de participar e apresentar em um congresso acadêmico internacional agora no final do segundo ano. Foi uma experiência bem interessante para ver como funcionam esses encontros da Academia e receber comentários e feedbacks de pessoas de fora sobre a minha pesquisa.

Acho legal que na USP tem bastante gente que participa desses congressos, o que facilita você ficar sabendo do que está acontecendo e ir atrás de se inscrever nos eventos. Sem contar que é possível pedir um auxílio financeiro para o departamento.

Outra coisa que gostei foi ter trabalhado como assistente de pesquisa para um grupo chamado EconomistAs, que pesquisa temas relacionados à desigualdade de gênero. Trabalhei com pessoas bastante capacitadas e aprendi muito sobre pesquisa acadêmica ali.

Enfim, tem muitas  oportunidades legais acontecendo e cada um vai atrás das opções que mais se adequa aos gostos pessoais.

Considerações Finais

Quando prestei Anpec, fui chamada para a USP, EPGE e EESP e fiquei muito em dúvida de para onde ir. Acabei escolhendo a USP, porque já sabia que tinha interesse em trabalhar com economia do meio ambiente e o meu orientador, que é uma grande referência na área, estava lá.

 Não me arrependo nem um pouco dessa escolha! Vejo que a FEA me proporcionou uma base muito boa e que seria muito mais difícil de desenvolver a minha pesquisa se não tivesse um professor da área que me interessa e um grupo de pessoas que também pesquisam assuntos correlacionados.

Não existe uma escolha única que vai ser a melhor para todos, depende da situação de cada um. Então, a minha dica é tentar conversar com diferentes pessoas de cada centro, porque cada um vai ter uma visão, daí você vai conseguir pesar o que é mais ou menos relevante para você.


Depoimento escrito em novembro de 2019.

Clara fez a prova da Anpec em 2016 e iniciou o mestrado em Economia no IPE-USP em 2017.

Meu nome é Clara Brenck, sou mineira e tenho 24 anos. Fiz minha graduação em economia na UFMG, o mestrado na USP e agora estou fazendo doutorado na New School, em Nova York (EUA).

A área de pesquisa que mais me interessa é em crescimento e distribuição de renda. No mestrado trabalhei com modelos ditos Pós-Keynesianos e, apesar de ainda não ter definido a tese de doutorado ainda, gostaria de continuar com essa abordagem.

Eu estou gostando bastante da pós graduação em economia, no geral, principalmente da parte da pesquisa. Esse foi um dos fatores que eu mais apreciei do mestrado na USP. Já no primeiro ano do mestrado temos que ter um orientador, tema e projeto de pesquisa definidos (o que fica um pouco pesado por ter que pensar nessas coisas ao mesmo tempo das matérias, mas eu acho que vale a pena).

Por ter começado já no primeiro ano, eu consegui ir para dois congressos internacionais durante o mestrado, onde apresentei algumas partes da minha dissertação. Senti que isso fez muita diferença na minha escolha de fazer doutorado e no meu gosto pela pesquisa. Eu nunca tinha ido em congresso antes e ter ido apresentar, receber os comentários de professoras e professores de outras instituições (vários que eu uso como referência para a pesquisa) foi incrível e, além de ter me gerado bons contatos para depois, também fez com que eu tivesse algo a me apegar no mestrado, porque as matérias são de fato muito estressantes e exaustantes.

Sobre a parte chata do mestrado — as matérias obrigatórias –, eu acho que é colocado pressão em excesso em cima das alunas e dos alunos (na USP e em outras instituições). As matérias são puxadas sim, tem muito conteúdo e muito conteúdo novo, e diferente do que as pessoas costumam ver na graduação (a linguagem matemática de análise, que é usado depois para microeconomia, por exemplo). Mas acho que o mestrado pode ser levado de um jeito mais agradável (se tiver menos competição entre as alunas e os alunos, por exemplo).

Então, se alguém me pedisse um conselho, esse seria o meu: não entre na loucura das competições, não tenha vergonha de fazer perguntas em sala de aula e, se precisar, marque de conversar com as professoras e/ou os professores fora da aula e, por fim, tente criar um grupo de amigos para estudar junto, explicar a matéria para outra pessoa é tão bom quanto ter alguém te explicando uma dúvida 🙂


Depoimento escrito em outubro de 2019.

Tiago fez a prova da Anpec em 2013 e iniciou o mestrado em Economia no IPE-USP em 2014. (…) Eu fiz a graduação em economia numa faculdade privada, de pouquíssima tradição, entre 2001 e 2005 (👴🏻). Roteiro típico do sujeito de periferia que precisava trabalhar pra sobreviver e estudar de noite pra poder sonhar com dias melhores. Já naquela época, influenciado por professores que eu admiro e respeito muito, a ideia de fazer um mestrado começou a surgir na minha cabeça. Mas, a vida se acontece e eu não podia parar de trabalhar naquele momento. A ideia ficou para “quem sabe um dia”. Em 2011, depois de saltos gigantescos na minha vida profissional eu tava num momento em que eu podia voltar a pensar nessa velha ideia. Aí eu resolvi tentar esse tal exame e ver no que dava. Ainda trabalhando, fazendo um cursinho preparatório no fds, fiz a prova pela 1ª vez. Bom, 6 anos depois de acabar uma graduação que já não era tão forte, estudando só de fds e trabalhando ao mesmo tempo, não tem surpresa. Fiquei em 600º lugar. Ok, talvez no meu estágio de preparação precisaria tomar uma decisão. Trabalhar ao mesmo tempo, não tava dando. 2012, a vida tinha melhorado bastante a ponto de poder me dar ao luxo de sair do emprego pra perseguir o sonho. Juntei todos os trocados, fui fazer o cursinho do Insper e tentei de novo. Nessa segunda vez houve uma melhora razoável. Fiquei em 67º. Naquele ano a USP chamou até o 60º e a EESP acho que até o 63º. Por várias razões, sair da cidade de SP era algo muito complicado pra mim naquele momento. Eu já tinha meio que desencanado da ideia e decidido que era hora de procurar um outro emprego. Paciência, não deu. Foi aí que a minha esposa resolveu intervir. “Você investiu um ano inteiro nisso, faltou tão pouco…tenta de novo. A gente dá um jeito.” Foi uma decisão difícil, mas resolvi arriscar mais uma vez. Dessa vez não fiz mais cursinho, fiquei só em casa estudando. Fiz o exame em 2013 pela 3ª vez, tive desempenho bem melhor em todas as provas, mas pela própria característica da ANPEC, fiquei em 66º. Toda aquela tensão de novo, será que dá, será que não dá…Deu. Entrei na USP em 2014, fiz o mestrado, trabalhei com pessoas incríveis… …fiquei pro doutorado, estou agora trabalhando num lugar sensacional, quase acabando o doutorado 🤞 Foi difícil? Pra caramba. Valeu a pena? Cada noite mal dormida, cada aula mal entendida, cada lista de exercícios, cada paper lido. Tudo isso é só pra dizer pra vcs que um resultado “ruim” nesse exame, num ano em que a prova foi tão cagada, não significa nada. Não te define, não diz absolutamente nada sobre vc. Se servir pra te inspirar a tentar outra vez, ótimo. Se vc acha que não vale a pena, ótimo tb.
Depoimento publicado no twitter em nov/2022 pelo Tiago (https://twitter.com/tiagopferraz*) – que nos deu a permissão de compartilhá-lo aqui também.*

 EESP (FGV-SP)

Gabriela fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na EESP (FGV-SP) em 2022.

O mestrado valeu/está valendo muito a pena. Meu objetivo com o mestrado era aprender microeconometria (para usar em avaliação de políticas públicas), e na EESP tive contato com professores que são referência (inclusive internacional) na área – o maior exemplo sendo o Bruno Ferman, com quem tive Econometria I e Microeconometria I. 

Além disso, tive monitores de econometria extremamente inteligentes e com enorme conhecimento no assunto, além de conviver com colegas da área que me ensinaram muito ao longo do curso. 

Sinto que realmente aprendi e tive acesso ao conhecimento mais avançado no tema. Também tive a oportunidade de aprender a programar, sendo assistente de pesquisa do professor Vítor Possebom, o que agregou muito às minhas habilidades profissionais. 

No geral, o mestrado me ensinou muito e acredito que abrirá muitas portas profissionais na minha vida.


Depoimento escrito em agosto de 2023.

O aluno preferiu não se identificar. Fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado em 2022.

“O início do mestrado (verão/1o trimestre), apesar de demandante, foi o período que mais teve ganhos em termos de aprendizado e por isso sinto que foi o que mais aproveitei. Põe-se um certo medo nessa época que parece um pouco infundado e acabou atrapalhando apesar do incentivo que isso dá para estudar. 

Única exceção feita (no quesito aprendizagem) ao curso de macro no qual é um pouco desorganizado e poderia ser mais formal ao apresentar certos modelos. Aliás, a parte de macro do mestrado decepciona em algumas coisas como a falta de um curso que ensine bem a parte de calibração e a única matéria voltada para dsge sendo mal dada. 

Nos demais trimestres existe uma variedade grande de eletivas para fazer, o que é ótimo, mas infelizmente existem duas matérias obrigatórias (micro/macro aplicadas) as quais mais ocupam seu tempo do que adicionam algo. Mesmo entre alguns professores se percebe a opinião de que deviam ser eletivas. Também devo falar do curso de micro 2 sobre jogos, importantíssimo mas que deixa muito a desejar. 

Por fim, achei bastante positivo a facilidade de se criar uma eletiva para estudar algum assunto se parte da turma se interessar e contatar o melhor professor para lecionar essa matéria.

Para quem quer ser acadêmico sinto que existe um esforço real em apoiar os alunos. Claro que muda de pessoa a pessoa e existem preferências em auxiliar mais uma pessoa do que outra, mas tudo dentro da normalidade. No quesito em mandar para boas universidades lá fora sinto que a EESP sofre mais dos alunos cuja maioria não quer seguir vida acadêmica do que um problema do curso. Já para aqueles interessados em ir para o mercado ainda não tive muita experiência mas sei que existe uma organização para recomendar os alunos e parece que é muito raro alguém ter dificuldade em encontrar emprego.

Finalmente existe ampla oportunidade para dar monitorias e, se você for de uma área como micro aplicada, ser RA de alguém.

Na parte menos acadêmica, me relacionei bem com todo mundo, sinto que a minha turma não é das mais unidas (ainda mais se comparado ao que um colega conta sobre outra experiência de mestrado que teve) mas isso varia de ano para ano e fiz amigos que fiquei bem próximo.”


Depoimento escrito em agosto de 2023.

Bruno Sales fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado na EESP (FGV-SP) em 2021.

Próximo do final do curso, gostei bastante do meu mestrado na EESP e não me arrependo da escolha, ainda que algumas ponderações sejam necessárias. Primeiramente, julgo que o curso de mestrado na EESP pode ser dividido em três fases principais.

A primeira são os cursos de verão. Academicamente falando, é a parte mais difícil de todo o mestrado. Ainda que os professores sejam excelentes, a matéria é difícil, longa e vista em profundidade – muito mais do que qualquer graduação ou mesmo do que a ANPEC. Impossível trabalhar e, mesmo, realizar atividades extracurriculares. Foi o momento em que mais aprendi, mesmo que com uma considerável dose de ansiedade.

A segunda é o primeiro e segundo semestre, que são de matérias básicas. Há uma variação maior na qualidade dos docentes, com alguns chegando a desejar na didática. As matérias continuam difíceis, mas o nível de profundidade exigido parece-me menor. Primeiro contato com agendas de pesquisa, bem como alguns incentivos para a realização de trabalhos autorais. É possível, com dificuldade, ter um trabalho parcial – foi o que fiz.

A terceira parte é o segundo ano, que é das eletivas. Há grande possibilidade de escolha, bem como de contato com pesquisa, Para quem precisa, é o momento correto para pegar trabalhos paralelos. Estes, sobretudo nessa fase do mestrado, são abundantes e pagam bem: assistências de pesquisa (interna e externa), aulas na graduação, aulas particulares… É possível, com algum sacrifício de tempo, ter bons rendimentos.

De maneira mais geral, os professores são solícitos e interessados em ajudar na sua pesquisa e placement; se este é seu desejo, acho difícil, condicional a um bom desempenho nas matérias, falhar. Para quem tem mais interesse no mercado, há constantemente divulgações de vagas em consultorias (macro, micro) e fundos de investimento, além de professores especializados em orientar nesse sentido.

Em relação à ênfases, a escola é relativamente mais forte em Microeconomia (aplicada e teórica) e Trade. Mesmo assim, há bons e solícitos professores para Macro e Finanças. Há um incipiente núcleo de História Econômica quantitativa também, se esse for o seu interesse.


Depoimento escrito em agosto de 2022.

Meu nome é Tulio, tenho 26 anos, e sou economista pela FEA-USP. Fiz meu mestrado em economia na EESP entre 2017 e 2019 e atualmente faço Ph.D em economia na Duke University, nos Estados Unidos. No mestrado estudei International Trade e Economia Política e meus interesses de pesquisas tem mudado mais para Organização Industrial.

Decidi que queria estudar mais economia do que apenas a graduação no segundo ano do curso, mais especificamente quando foi chegando ao fim o curso básico de microeconomia. Percebi que apesar da sólida base fornecida pela faculdade, o alcance daquele conhecimento era muito curto e que queria entender mais sobre economia. Durante o mestrado, a decisão de seguir em frente para fazer o PhD foi a escolha mais natural para mim.

Meu processo de admissão para Anpec foi longo; durou dois anos. Em 2015, fiz o cursinho da Fipe. Não me adaptei bem e não gostei, no fim o resultado não foi o esperado. Em 2016, fiz o cursinho do Insper. A maturidade de fazer pelo segundo ano ajudou no processo, certamente. O cursinho do Insper foi bem ministrado e a base da graduação ajudou a conseguir uma vaga aonde eu queria.

O mestrado da EESP dura dois anos e as disciplinas duram dois meses, enquadrados no que se chama na escola de trimestre. Durante janeiro e fevereiro do primeiro ano, acontece o verão, que no meu ano foi bastante puxado. Além do verão, o primeiro semestre engloba duas disciplinas de econometria, micro e macroeconomia. No segundo semestre, a quantidade de disciplinas obrigatórias cai e os alunos podem fazer mais cursos optativos, até mesmo em outras escolas como na USP e no Insper. Esse período do segundo ano é focado mais na tese.

Bolsa de estudos não foi problema para ninguém que eu fiquei sabendo; em geral a bolsa vinha de alguma unidade de fomento federal. O primeiro ano, e em especial o primeiro semestre é muito demandante, então foi natural que os alunos não procurassem fontes complementares de renda. No segundo ano, a rotina de estudos fica mais flexível e as oportunidades se tornam mais visíveis. Fui monitor de microeconomia I para o mestrado em 2018 e para outras disciplinas também, em outros cursos. Também fui assistente de pesquisa, e tudo isso ajudou a complementar a renda que vinha da bolsa.

Hoje no PhD vejo que a base do mestrado foi muito boa, mas custosa. Realmente, foi um choque de realidade das dificuldades. Ao mesmo tempo, foi um tempo muito intenso com outros alunos, em geral muitos bons alunos. Nesse sentido, sinto hoje que a graduação foi bem mais heterogênea do que o mestrado. Nesse último, todos os alunos davam o máximo de dedicação, enquanto durante a graduação era menos comum observar tal comportamento.

O mestrado foi uma ponte importante para o PhD. De um lado, permitiu maior contato com professores para suprir a necessidade das cartas de recomendação. Por outro, forneceu uma base de conhecimento de teoria econômica que tem sido de grande ajuda. Vejo, por exemplo, que os alunos que chegaram no PhD sem o mestrado têm passado agora por boa parte do que passei durante o meu período na EESP. Em Duke recebo bolsa de estudos para estudar e posso pegar trabalhos adicionais para complementar a renda se eu quiser.


Depoimento escrito em janeiro de 2020.

Luciana fez a prova da Anpec em 2015 e iniciou o mestrado em Economia na EESP em 2016.

Fiz graduação em Economia na FEA de 2008-2012, trabalhei em consultoria econômica de 2011 até 2015, e fiz mestrado na EESP de 2016-2018. Já sabia que não queria fazer doutorado (não mudei de opinião após o mestrado),então voltei a trabalhar em consultoria desde que concluí o mestrado.

Como dispunha de muito pouco tempo para estudar, acompanhar um cursinho (fiz o da Fipe, durante a semana) me ajudou a manter o ritmo e focar nos conteúdos na forma como eram exigidos nas provas. Mesmo que nem sempre conseguisse sair do trabalho para as aulas no horário, ter o conteúdo mastigado e compartimentado me ajudou a estudar focando na prova. Investi mais tempo voltando para a teoria apenas em alguns conteúdos que tinha dificuldade e julguei que valia a pena – havia concluído as disciplinas obrigatórias da graduação há 5 anos, quando resolvi começar a estudar pra Anpec.

Mesmo trabalhando, a colocação que consegui na Anpec me tornava elegível pra 3 dentre as top4, e optei pela EESP. Motivaram a minha escolha o fato de poder continuar em SP e ter bolsa durante todo o curso (há centros que só garantem bolsa no 1 ano, a partir de março); disciplinas trimestrais (bimestrais, na prática); o corpo de professores de micro aplicada, que era a área de pesquisa que me interessava; e finalmente o fato de poder fazer o mestrado em outra instituição diferente da graduação.

No geral, minhas expectativas corresponderam. O curso realmente é muito puxado, vale a pena pra quem deseja fazer um bom PhD fora. Para pessoas que não têm um perfil muito acadêmico, pode não fazer tanto sentido. No meu caso, pertencer a este último grupo não foi empecilho para concluir o curso, mas sinto que tive que colocar mais esforço que outros colegas nas disciplinas (vários repetiram obrigatórias, mas todos os que não desistiram e continuaram se formaram – que eu saiba, não houve jubilados desde 2016).

Outro aspecto de ser uma pessoa de desempenho acadêmico mediano num centro muito exigente, é ter de dedicar mais tempo pra estudar, não dando as oportunidades de fazer uma renda extra – como ser monitor, dar aula particular, ser asistente de pesquisa (é a única experiência que importa pra aplicar pro PhD). Vale lembrar que na EESP há matérias obrigatórias ainda no segundo ano, e normalmente se termina os créditos só no 3 trimestre. Ficar alguns meses a mais tendo como atividade principal o mestrado vale a pena pra quem tem interesse em pesquisa, só é um problema se a restrição orçamentária pega muito. Quem tem pressa de voltar pro mercado de trabalho pode considerar outros centros, como FEA-SP e FEA-RP, em que dá pra concluir (quase) tudo no primeiro ano, ficando “só” a dissertação pro segundo.

Outro ponto forte são os centros de pesquisa em micro aplicada (C-Micro, Learn), que têm muitos projetos bacanas e parcerias com BID/Banco Mundial. O contato dos professores é uma boa porta de entrada pra quem tem interesse em trabalhar nessas instituições.

Olhando pra trás, acho que só a questão das disciplinas bimestrais decepcionou um pouco – parece dar mais opções, mas conseguir cursar todas as eletivas que interessam depende muito do momento em que são oferecidas. Além disso, o tempo é curto, então se é apresentado a muitos papers, o que ajuda a conhecer as áreas de pesquisa, mas ao mesmo tempo dá a sensação não ter oportunidade de se aprofundar nos temas e aprender algo concreto – fora muitos trabalhos pra entregar. As disciplinas obrigatórias bimestrais também eram mais cansativas que se fossem semestrais, já que havia provas praticamente a cada 3 semanas.


Depoimento escrito em outubro de 2019.

Roberto fez a prova da Anpec em 2015 e iniciou o mestrado em Economia na EESP em 2016.

Como é a estrutura do curso de mestrado na sua instituição?

A EESP, diferentemente de várias outras universidades, tem matérias bimestrais. Tem alguns cursos obrigatórios de micro, macro e econometria, vendo o básico de cada uma dessas matérias. Depois você pode escolher eletivas. Como o curso é bimestral, você consegue fazer várias dessas eletivas – a gente faz sete.

Tinha bolsa de estudos para todos que foram aceitos? Existia alguma outra forma de trabalho remunerado na instituição?

Na minha época tinha bolsa pra todo mundo que foi aceito.

Quanto à outra forma de trabalho na instituição, no começo é difícil conciliar porque o início do curso (primeiro semestre) é muito puxado. Depois disso é tranquilo conseguir. Dá para dar monitoria, assistência de pesquisa (inclusive para professores de fora da EESP), trabalhar para centros de pesquisa etc. Outra oportunidade para fazer um dinheiro extra que aparece bastante é dar aula de reforço para alunos da graduação e das pós-graduações profissionais. Mais para o final do curso, quando a sua pesquisa já estiver encaminhada, dá para arranjar um emprego. Eu fiz isso e muitas outras pessoas também.

Quais são os pontos fortes da instituição em que você fez o seu curso?

Acho que o curso ser bimestral é melhor do que ser semestral, porque isso te dá mais abertura para conhecer áreas diferentes da economia na época em que você tem que escolher eletivas. O mestrado é um bom período pra você conhecer mais coisas para o caso de depois querer fazer um doutorado e poder trocar de área se quiser.

Também acho que a EESP tem um quadro de professores em áreas bem diversas, de forma que praticamente qualquer coisa que o aluno queira estudar vai ter alguém com conhecimento para orientar. É bem diverso mesmo. Inclusive tem gente fazendo pesquisa até em áreas menos comuns, como história com viés mais quantitativo e organização industrial, o que às vezes falta em outras faculdades.

É legal também o fato de terem vários professores que dão aula lá fora e estão no quadro da EESP. Você acaba tendo contato com esses professores se você tiver interesse.

Outra coisa é que a faculdade é bem aberta. Eu, por exemplo, tinha um coorientador da USP e fiz uma matéria lá. Isso acabou sendo bem interessante para mim. A EESP se mostra bem aberta pra maioria das demandas dos alunos.

Outro ponto é que o curso é muito puxado. Embora seja bastante cansativo. Vale a pena porque você sai muito bem treinado e muito bem formado. Posso sentir isso agora que estou fazendo PhD que o curso da EESP me preparou extremamente bem para o que eu tenho que enfrentar aqui fora. Inclusive em termos de pesquisa. A dissertação que temos que fazer para o mestrado da EESP é um paper de fato. É algo bem feito. O pessoal puxa para isso. A ideia é que você saia com alguma coisa que possa publicar um dia em um bom journal.

Outra coisa que acho um ponto forte na EESP é que eles não criam um ambiente competitivo. É um ambiente de cooperação. É difícil pra todo mundo, mas eles não tentam fazer os alunos competirem entre si para ver quem tem a melhor nota. Também não tem uma discriminação se você foi um pouco melhor ou um pouco pior no curso. Os professores vão estar bem abertos a te ajudar na época em que você for desenvolver sua pesquisa. Acho que isso é muito bom afinal ciência é uma coisa que se faz em grupo. O pessoal que está estudando com você vai ser o pessoal que futuramente vai pesquisar com você, vão ser seus amigos. A ideia não é ficar competindo com essas pessoas o tempo todo. Acho que esse é o ponto que eu mais gostei na EESP: ela cria esse ambiente de cooperação e os professores apoiam bastante os alunos. Mesmo professores que não estavam me orientando me ajudavam com coisas que eu precisava pra minha dissertação. Sou muito grato a todos eles.

Acho que o resumo é que se eu tivesse que escolher de novo onde fazer mestrado eu não teria nem dúvida e iria pra EESP de novo.

E os pontos fracos?

Acho que o que eu menos gostei na EESP foi a infraestrutura do lugar (embora já soubesse como era, pois fiz minha graduação lá). O problema é que é um departamento pequeno, num prédio um pouco apertado. É um prédio de escritórios normais, com sala de aulas dentro (muito bem localizado para transporte público, diga-se de passagem). São salas muito bem equipadas, tudo limpo e muito bem arrumado, sem problema de manutenção, mas quando você vai ter uma aula numa faculdade com um campus de fato é uma coisa muito mais agradável. Talvez esse confinamento ajude a elevar o nível de stress em comparação com estudar num lugar que tem um campus, bem arborizado, e que também te dá uma infraestrutura com acesso a outras coisas, como jogar uma bola no fim de semana, fazer um esporte ou qualquer coisa desse tipo. Coisa que a EESP, infelizmente, não tem como oferecer facilmente.

Quais foram as suas principais dificuldades no mestrado?

A principal dificuldade no começo é você tentar dar conta de tudo o que tem que aprender e fazer a tempo. Então não pode deixar a matéria acumular, é um momento de ter muita disciplina, ficar estudando sem parar. Seus amigos vão querer sair pra carnaval, bloquinho, e você não vai. Você vai ficar o carnaval praticamente inteiro estudando. É uma coisa complicada. Exige um autocontrole bastante grande.

Depois, outro desafio foi escolher um projeto para a minha dissertação. O primeiro semestre você está quase enlouquecendo lá com todo o estudo para passar nas matérias. Depois você tem férias e dá uma descansada. Quando você volta, ainda tem matérias para fazer, tem que se concentrar nisso, mas ao mesmo tempo tem que achar um tema para fazer pesquisa. Eu saí meio cru em termos de ideias de pesquisa da graduação, acho que isso acontece com muita gente pois é uma questão de maturidade, de ter exposição à pesquisa, então toma tempo. E em qualquer mestrado você tem poucos meses para definir seu tema.

Quais foram as principais oportunidades que apareceram durante o mestrado?

Uma oportunidade que foi muito legal durante o mestrado foi a de ser assistência de pesquisa. Eu fiz para um professor da EESP mesmo, que estava trabalhando em conjunto com um professor de Londres. Foi bem legal ter esse contato lá fora. Tem gente da minha sala que fez assistência de pesquisa pra professores do exterior diretamente. A EESP não vai ser o único lugar onde vão aparecer essas oportunidades, mas eu posso garantir que lá é um lugar onde esse tipo de coisa acontece.

Outra coisa é que tem muita oportunidade para você fazer um dinheiro extra se você precisar. Dando aula de reforço para aluno da graduação ou pós-graduação profissional da faculdade, dando monitoria, assistência de pesquisa, uma série de coisas. Se dinheiro é um fator decisivo pra você, acho que a EESP é um ótimo lugar para você estar nesse sentido. Tem muita oportunidade pra ganhar dinheiro, pagando bem, e tem pouca concorrência para conseguir pegar.


Depoimento escrito em novembro de 2019.

USP-RP

Paula fez a prova da Anpec em 2012 e iniciou o mestrado em Economia na FEA-RP em 2013. Trabalhou do Instituto Ayrton Senna e hoje trabalha no Instituto Unibanco com avaliação de políticas.

Optar pelo mestrado foi uma decisão muito fácil para ser tomada. Isso porque seguir estudando era um caminho natural para mim. No entanto, realizar esse desejo foi um pouco mais complicado. Em primeiro lugar, o último ano da graduação (fiz economia na USP) foi dedicado exclusivamente aos estudos (deixei o estágio e a respectiva remuneração), provas das disciplinas, tcc e Anpec. Foi um período relativamente estressante, porque apesar de saber que seria possível ir para o mercado de trabalho – caso não passasse em algum centro -, essa ideia não me animava muito. Banco e consultoria não pareciam ser a minha trajetória.

Recebi o aceite da FEA/RP – não era minha primeira escolha, afinal queria permanecer em São Paulo – mas resolvi aceitar principalmente porque a visita no campus foi muito boa! Gostei da infraestrutura oferecida, da apresentação dos professores, da perspectiva de morar sozinha em uma cidade bacana… curiosamente, hoje esses aspectos não são o que mais destaco nessa escolha: para mim, conhecer a área e o aporte técnico de avaliação de políticas públicas foram determinantes para minha carreira. O centro é de grande referência nessa área, encontrei diversos professores de lá nas oportunidades de trabalho que já tive no terceiro setor.

Sobre recursos financeiros, tive bolsa apenas no primeiro ano, então preferi voltar para São Paulo no segundo ano, para terminar a dissertação. No entanto, muitos colegas ficaram lá trabalhando em grupos de pesquisa. Finalizei o mestrado, já trabalhando. Foi corrido, mas muito bom porque descobri de cara, que o caminho de gestão, monitoramento e avaliação de projetos sociais e políticas públicas eram o que eu estava buscando desde o início da graduação.

Avalio que a escolha por Ribeirão Preto foi muito acertada. Mesmo com a distância de São Paulo, hoje vejo como essa escolha teve impacto direto (e muito positivo!) nas minhas escolhas acadêmicas e de carreira ao longo da vida.


Depoimento escrito em novembro de 2019.

UnB

Felipe fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na UnB em 2022.

“As minhas principais opções quando prestei ANPEC eram UnB, FEARP e PIMES. Acabei optando pela UnB por alguns motivos:
– BsB tem muitas opções de estágios/empregos interessantes (tenho amigos no BID, CADE, BACEN, IPEA, etc.);
– BsB é muito seguro e tem uma qualidade de vida muito boa (apesar de ser caro, é mais barato que SP);
– Garantia de bolsa por 24 meses (alguns centros só garantem o primeiro ano);
– Possibilidade de boas cartas de recomendação se eu fosse tentar PhD (o que desisti de fazer);

Falando do mestrado em si, eu optei por fazer menos matérias no início, que é a parte mais difícil, e achei que isso foi um acerto. As matérias são bem parecidas com o que é dado em outros centros, e há uma boa opção de áreas de pesquisa para seguir. 

Um ponto negativo aqui é que devido a proximidade da UnB com diversos órgãos ligados ao governo, sempre há algum professor afastado das aulas prestando serviço ao governo.

No segundo semestre surgiu uma oportunidade de estágio na área de pesquisa econômica do Banco Central que tinha muita relação com a minha área da minha dissertação. Consegui a vaga e atualmente concilio o estágio com o início da dissertação.”


Depoimento escrito em agosto de 2023.

Jordana fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado na UnB em 2021.

Primeiramente cabe considerar que todo meu primeiro ano de mestrado se deu de forma remota, de modo que pode haver uma mudança considerável na modalidade presencial. 

No primeiro semestre acabei tendo uma experiência de um estudo bastante solitário, o que acabou tornando bastante pesado lidar com o primeiro semestre de análise, micro I e macro I. Entretanto, os professores foram bastante prestativos, estando sempre disponíveis para dúvidas e disponibilizando bons materiais. Seguindo a proposta de estudos sugerida pelos professores, foi possível ter um bom aproveitamento do conteúdo. Minhas aulas foram ministradas pelos professores Tomás (macro I), José Guilherme (micro I) e Leandro (análise).

Para o segundo semestre minha única matéria obrigatória foi a de econometria I com professor Cajueiro, foi super dinâmico e houve uma preocupação com diversificar o método de avaliação. Para a galera que gosta de micro, super indico fazer micro II com o professor Bugarin, melhor matéria do mestrado na minha opinião, entra a parte de jogos e sempre com toque de economia política que é a área de pesquisa do professor, realmente muito boa. Também peguei uma optativa de organização industrial com professor Victor, muito bacana e as listas ajudam bastante a colocar o conteúdo em prática, foi meu primeiro contato com organização industrial, o que acabou prejudicando minha experiência.

Na UnB os alunos devem escolher entre economia brasileira ou história do pensamento econômico, optei pela primeira com o professor Bernardo e tem sido a segunda melhor matéria (não superei micro II ainda). Economia brasileira segue um formato mais de seminário, são apresentados diversos papers de instituições tanto pelo professor quanto pelos alunos, é bem dinâmico. Ah, está muito mais próximo de um curso de instituições do que economia brasileira propriamente dito, recomendo olhar a ementa do curso. Finalmente, recomendo para a galera de aplicada os seminários do professor Tomás, vai ser bem útil para aprimorar sua pesquisa.

Os professores da UnB também se preocupam bastante em trazer oportunidades de bolsa de pesquisa/estágio para os alunos, além de gostarem de trabalhar junto. Brasília é uma cidade bastante cara, então esse esforço faz toda a diferença para conseguirmos nos bancar por aqui. De maneira geral, minha experiência tem sido boa e sendo um centro bastante diversos em linhas de pesquisa, acredito que vá agradar a diferentes públicos!


Depoimento escrito em julho de 2022.

Johnny fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado na UnB em 2021.

A minha escolha pelo PPGECO da UnB foi baseada em alguns critérios principais:

– Minha classificação na ANPEC

– Nota CAPES do PPGECO – UnB

– Quadro docente

– Localização geográfica da universidade

Primeiramente, eu precisei considerar os centros que eu tinha condições de ser aceito, visto minha classificação geral na ANPEC. Dentre os que estavam dentro do meu radar de classificação, o PPGECO da UnB era um dos poucos com nota 6 na avaliação da CAPES. Mas apenas olhando por esse critério, teriam outras universidades elegíveis: UFMG, UFF, UCB e UFRJ.

Partindo então para o segundo critério, vejo o quadro docente da UnB compatível com alguns dos centros CAPES 7 (grande parte dos professores tem PhD em universidades conceituadas no exterior) e o melhor dentre as CAPES 6 em critérios de formação acadêmica (é uma opinião pessoal). Parando nesses dois critérios eu já estaria bem embasado para escolher a UnB.

No entanto, falando em localização, a UnB ainda tem o privilégio de estar localizada na capital do Brasil, onde estão localizadas várias instituições e órgãos nacionais e internacionais interessantes para a atuação de um economista. Por fim, Brasília é muito segura, comparado com outras capitais, é visualmente agradável (muito diferente de SP, por exemplo) e conta com vários parques e áreas verdes para distrair a mente nos finais de semana e feriados.


Depoimento escrito em agosto de 2022.

O aluno preferiu não se identificar. Fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado na UnB em 2021.

No geral, o mestrado em Economia da UnB é muito bem estruturado. O curso começa com a disciplina de Análise na Reta no verão, que não é obrigatória, mas muito recomendada. Posteriormente é preciso cursar as disciplinas obrigatórias de Análise Microeconômica I, Análise Macroeconômica I, Economia Matemática e Econometria I, além de cursar Economia Brasileira ou História do Pensamento Econômico. Além disso, é preciso cursar algumas disciplinas eletivas, o que geralmente gera a oportunidade de cursar disciplinas mais específicas da área de interesse. Assim, o primeiro ano do mestrado acaba sendo mais intenso, enquanto o segundo ano fica normalmente destinado a disciplinas eletivas e a dissertação de mestrado. Uma dica importante é tentar desde o início do curso criar contato com os colegas de curso pois muitas atividades de estudo são feitas em grupo, como trabalhos e seminários.

No início do curso nem todos os alunos do mestrado conseguiram bolsa, porém ao longo do curso foram surgindo algumas bolsas tanto dos órgãos de fomento como em oportunidades de pesquisa junto a professores.

Uma característica interessante do curso na UnB são as oportunidades de trabalho em órgãos ligados ao governo ou instituições multilaterais. Além disso, muitos alunos da pós-graduação em Economia são funcionários de órgãos como Banco Central, Tesouro Nacional e IPEA, o que contribui para troca de experiências em debates em sala de aula, por exemplo.

Outra característica relevante do mestrado em Economia da UnB é sua localização em um campus com vários outros cursos.  É possível cursar disciplinas em outros departamentos, além de alunos de outros cursos cursarem disciplinas no departamento de Economia da UnB. Este intercâmbio gera uma possibilidade interessante de visões multidisciplinares.

Por fim, uma última característica positiva da UnB é sua localização em um campus muito bem estruturado e agradável que pode oferecer muitas atividades interessantes em meio ao cotidiano dos estudos.


Depoimento escrito em agosto de 2022.

CEDEPLAR (UFMG)

Lucas fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado no CEDEPLAR em 2022.

Entrar no mestrado no CEDEPLAR/UFMG foi um sonho realizado, que foi possível pela ajuda do cursinho Simples. Conteúdo impecável e professores atenciosos, essa união foi essencial para potencializar minhas habilidades. 

Falando sobre o curso, o primeiro semestre é sem dúvida o mais desafiador. As matérias obrigatórias vêm com uma carga de pressão muito grande, ainda mais considerando que são cobrados conteúdos novos e bem complexos. Estar com a matéria do cursinho ajuda muito e, com dedicação e muito estudo, conseguimos superar essa primeira etapa.

Depois do primeiro semestre, é possível pegar matérias mais relacionadas com os nossos interesses. Também temos mais tempo livre para trabalhar formalmente (como foi meu caso).


Depoimento escrito em julho de 2023.

PIMES (UFPE)

Anderson fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado no PIMES em 2022.

O Pimes/UFPE é uma ótima opção para quem quiser optar entrar em algum dos centros fora do Top 4. É um centro que tem crescido bastante e que será ótimo pra quem quiser pesquisar na área de micro aplicada, principalmente, se conseguir ser orientado pelo Breno Sampaio. Sou formado na FEA-SP e falo tranquilamente que o Breno foi o melhor professor que tive em toda a minha carreira acadêmica. O cara é simplesmente brilhante e apaixonado pelo que faz e consegue inspirar isso nos alunos como poucos, além de publicar consistentemente nos melhores journals, como a Econometrica.

Pra quem estiver pensando em mercado de trabalho, o professor Gustavo Sampaio, irmão de Breno, oferece Estatística e um curso de Python durante o ano. Isso pode ser muito precioso caso você queira procurar alguma vaga na área de dados por aí. O professor Paulo Vaz, de Macro é muito solícito e antenado com tudo e sempre apresenta oportunidades para os alunos que tiverem vontade de se desafiar na área de Macroeconomia.

Na última avaliação da CAPES, o PIMES recebeu nota 6. A produção do centro tem sido tão prolífica que os professores são recorrentemente convidados a dar aulas, cursos e workshops pelos grandes centros do Brasil e de fora.

Geralmente não faltam bolsas para os alunos, seja da Capes (R$2.100) ou Facepe (R$2.000). É quase certo que os top-10 selecionados terão bolsa e mesmo os piores ranqueados também conseguem, mesmo que seja num período menor do que 24 meses. O fato do centro ter nota CAPES 6 com certeza será muito positivo para a questão das bolsas.

Vários alunos têm conquistado suas vagas em programas de doutorado no exterior, principalmente, na Universidade de Illinois de Urbana-Champaign, há um intenso intercâmbio entre o PIMES e esta universidade, que inclusive formou boa parte do corpo docente atual do centro.
No último ano houveram alunos aceitos na Universidade do Tennessee, UBC, Stanford e a própria Universidade de Illinois.

Em relação a vida fora da Universidade, é importante ter um bom planejamento para quem vier de fora. A universidade fica longe dos melhores bairros para se morar e dos principais centros turísticos. Depender do transporte público em Recife não é fácil e o trânsito pode ser bem caótico.

Muitos alunos se adaptam bem à Várzea (bairro ao lado da universidade), mas é um bairro que deixa a desejar nos aspectos de infraestrutura e segurança em comparação com os principais bairros da Zona Norte (Graças, Parnamirim, Aflitos, Casa forte) e da Zona Sul (Boa Viagem, Setúbal).

Os aluguéis em apartamentos dos principais bairros não saem por menos da faixa dos R$2.000. Portanto, é legal tentar conhecer a cidade e o mercado imobiliário local antes de se mudar. Em relação a alimentação, o restaurante universitário acaba de ficar pronto e há opções na universidade e no entorno, então não será um problema para quem já for habituado aos bandejões das Universidades Brasil afora.

No mais, a cidade é fantástica, linda e cheio de espaços públicos para se conviver e lugares para se conhecer, as praias próximas estão facilmente entre as melhores do Brasil e do mundo.

Qualquer coisa, estou à disposição para esclarecer dúvidas 🙂

Abs!!!


Depoimento escrito em agosto de 2023.

Leonardo fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado no PIMES em 2021.

Minha experiência com o mestrado (primeiro ano) não foi das melhores. O contexto pandêmico forçou que o primeiro ano fosse feito de maneira remota. Este foi meu primeiro curso de maneira EaD (de cara um mestrado), e hoje sinto que eu não estava preparado para tal. Não tinha a disciplina para estudar em casa, fazer uma rotina, evitar a procrastinação e o conciliar com família em casa.

Portanto, meu resultado foi aquém do que eu queria e poderia no primeiro ano. Porém não desisti, perseverei e fiz as matérias, assistindo aulas, resolvendo exercícios, a trancos e barrancos, de maneira não-perfeita e até não entendendo tudo muito bem (análise é uma doideira, meu deus do céu hahaha), mas fiz. O primeiro semestre se encerrou na primeira semana de agosto, porém as notas dele foram sair só em meados de novembro, quando eu já tinha iniciado o segundo semestre de 2021.

No segundo semestre eu já estava mais acostumado com o ritmo do mestrado, mesmo que ainda de maneira remota. As disciplinas daquele semestre foram Econometria 1 e Macro 1. Porém, receber a notícia de que reprovei em Análise e Estatística, depois que já tinha começado o segundo semestre, acabou comigo. A incerteza se eu seria jubilado, dado o regulamento do PPG, a tristeza do que houve, a sensação de que era incapaz para estar no PIMES, tudo isso mexeu muito com meu humor na época. Graças a Deus eu tive pessoas ao meu lado que me apoiaram e me deram suporte para eu manter minha estabilidade emocional.

Conversei com o centro de pós-graduação na época e eles me falaram que a regra de jubilamento foi relaxada na pandemia, devido as próprias dificuldades que estudar numa pandemia implica. Perguntei se eu iria continuar e eles disseram que sim, contanto que eu passasse nas disciplinas obrigatórias ao mestrado no segundo semestre de 2021. Foi o que fiz. Resultado: um B lindão em Econometria e um C em Macro 1, a matéria mais difícil do mestrado do PIMES na opinião de muitos haha.

Em 2022 eu iria pagar aquelas DPs do 2021.1. Havia uma expectativa da volta do presencial e eu não via a hora! Pois sabia que meu aproveitamento seria muito melhor no presencial do que foi no remoto. Ficou decidido que presencial começaria a partir da terceira semana de aula do primeiro semestre de 2022, que começou em 07/03.

Mudei-me para Recife. Vim de Naviraí/MS, onde nasci e morei a vida toda, para cá, onde ainda estou atualmente dando prosseguimento do meu mestrado. Longe da família, longe da minha noiva e longe de todo mundo que eu amava. O 2022.1 acabou fazem duas semanas, e neste momento estou de férias (mais ou menos, pois estou pesquisando sobre minha dissertação e melhorando meu projeto de dissertação, que foi aceito pelo meu orientador Bladimir Carrillo Bermudez, e me preparando para o processo seletivo do doutorado).

Ainda não saíram os conceitos finais das cadeiras que paguei em 2022.1, porém, certamente tive um aproveitamento melhor do que o 2021.1, que foi remoto. Tive uma gama de aprendizado enorme, conheci pessoas fantásticas, estive num ambiente estimulante e longe da família sinto-me passando por um ritual de entrada para a vida adulta de fato. Superei vários limites meus que até então eu tinha, estudei mais do que nunca e isso me ensinou muito sobre como melhorar o próprio estudo e fazer de uma maneira que eu aprendesse de fato e fizesse mais sentido para mim. Tive uma boa nota na P1 de Estatística, que foi divulgada, e Mercado de Capitais, a última eletiva que paguei.

O mestrado me ajudou a mostrar que sou muito capaz, que todos têm suas próprias dificuldades e no fim das contas todos nós estamos passando por um processo de autoconhecimento, em que não existe tempo certo para as coisas darem certo, existe o seu momento, o seu esforço e os resultados que advém dele. Estou feliz e empolgado com o que vem pela frente e sem medo de quaisquer desafios. Só fazendo e correndo atrás do que eu desejo para minha vida profissional e poder viver em paz, proporcionando uma vida boa para mim e para minha família.

Obrigado, Cursinho Simples! Por me proporcionar essa oportunidade de falar sobre o mestrado do PIMES/UFPE na minha visão e com minha experiência. No final eu falei menos sobre o centro e mais sobre mim mesmo né!?! haha Porém, ainda em tempo, o PIMES/UFPE foi uma escolha acertada: ótimo placement, alta inserção para internacionalização, tendo nos últimos anos mandado um número considerável de alunos para o exterior, igualdade de oportunidades, podendo alunos que não estão entre os melhores como evoluir e alcançar os mais bem classificados da distribuição.

Sem o Cursinho Simples, sua didática, seu método super eficaz e pessoas preparadíssimas por trás, eu nunca teria condição de atingir nota suficiente para passar no PIMES/UFPE, dentro os melhores centros de pós-graduação em Economia do Brasil. Sozinho eu poderia até conseguir, mas levaria mais tempo e tentativas fazendo a ANPEC ano a ano. Então, se tem alguém responsável pelo meu ponta pé inicial na carreira, são vocês, equipe do Cursinho Simples e todos os colegas da turma de 2020 que prontamente trocavam informações no grupo de whatsapp, se apoiavam nos estudos. Vocês são 10 e só tenho a agradecer. Meu muito obrigado e vamos em frente! (:


Depoimento escrito em agosto de 2022.

UFRJ

Carlos fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na UFRJ em 2022.

Com certeza a UFRJ foi a minha escolha certa. Desde o momento que decidi fazer a ANPEC, eu já sentia que lá era o lugar, apesar de não conseguir elaborar com as palavras certas na época. 

O primeiro semestre é bastante puxado, acredito que isso não seja exclusivo desse centro, mas definitivamente serviu como uma ótima base para o que hoje seria minha linha de pesquisa. Existem três áreas de conhecimento, portanto, é um centro plural e demasiadamente acolhedor. Apesar de todas as dificuldades que fazer mestrado proporciona, eu não tenho nenhum arrependimento em ter feito na UFRJ.


Depoimento escrito em julho de 2023.

UFF

Rodrigo fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na UFF em 2022.

O centro é bastante acolhedor. O primeiro semestre é puxado, pois temos as disciplinas obrigatórias de micro, macro e matemática. História do Pensamento Econômico é obrigatória, mas decidi cursar no segundo ano para poder estudar Econometria, que é optativa, no primeiro semestre. 

O bom do centro é a diversidade de conhecimento, pois há grupos de pesquisas para todos os gostos, então todos são bem-vindos, sobretudo para aqueles interessados em moedas sociais, por causa das avaliações das moedas mumbuca e da arariboia por alguns discentes. 

Além disso, o campus possui uma boa estrutura e a estação da barca para a cidade do Rio fica distante em torno de 1km. Para concluir, estou satisfeito em ter escolhido o PPGE/UFF para cursar o mestrado.


Depoimento escrito em julho de 2023.

UFJF

André fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado na UFJF em 2021.

Eu gostei muito do curso porque tem um ambiente muito bom, todos os professores são bem atenciosos e o clima é de bastante companheirismo.

O curso é bem voltado para métodos, principalmente para economia regional e urbana. Quem quiser essa matéria estará em um dos melhores lugares, com um dos melhores na área que é o Fernando Perobelli, além de econometria espacial com o Eduardo Almeida. Na parte de economia social, a Laura Schiavon é excelente com um curso de avaliação de políticas públicas mais microeconometria muito bem preparado.

A estrutura do curso é em trimestres também e talvez nos finais de trimestres pode dar um aperto de entrega de muitas atividades.

Com relação as matérias, quem fez o Cursinho Simples creio que vai ter uma base enorme para as primeiras matérias. Quando começar as mais específicas vai dificultando mas também irá perceber que o curso é bem aplicado e verá que tem muita oportunidade de publicar após.

Como passei o primeiro ano online, todas as matérias foram feitas. Foi um ano que passei bastante tempo em casa e em alguns períodos estressantes por causa de estar muito tempo em casa mais os prazos. Depois no presencial comecei a ter mais tempo para outras atividades sem ser acadêmicas.

A cidade tem um ótimo custo-benefício principalmente quem for de uma capital, vai ser bem mais barato e terá várias opções de lazer, esporte e muitas trilhas durante períodos de descanso. Recomendo morar próximo ao campus porque a cidade tem muitos morros mesmo e bem altos (o prédio de economia fica no ponto mais alto da cidade e tem a melhor vista de todas), você não irá querer perder tempo com trânsito sendo que tem uma prova para fazer.

Posso dizer que o curso vale à pena pelo belo ambiente e a dedicação dos professores, eles se esforçam muito para oferecer o máximo de ferramentas e as melhores  possíveis. Para quem tá pensando em fazer sanduíche, aqui tem uma tradição enorme de enviar para Urbana-Champaign.

André compartilhou abaixo duas fotos com a visão da janela da sala de aula na UFJF. 🙂


Depoimento escrito em agosto de 2022.

UFRGS

Walef fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na UFRGS em 2022.

“Bem, a UFRGS recentemente passou para a classificação 6 da Capes, o que resultou em um aumento no acesso a verbas para o instituto, o que é extremamente positivo. 

A duração dos cursos aqui é trimestral, embora eu pessoalmente prefira semestral, mas isso não representa um grande problema. O PPGE é subdividido em Economia Aplicada (EA) e Economia do Desenvolvimento. Como estou vinculado à EA, irei me concentrar nesse aspecto. Aqui, há uma forte ênfase em econometria e finanças, contamos com professores/pesquisadores excelentes nessas áreas, que eu diria serem os pilares principais da instituição. Além disso, dispomos de pesquisadores em políticas públicas, teoria microeconômica e economia regional.

Um ponto negativo é que o instituto já foi muito melhor em macroeconomia, entretanto, nos últimos anos, o PPGE sofreu perdas de professores nesse campo. Atualmente, temos apenas o professor Marcelo Portugal pesquisando nessa área. A boa notícia é que a instituição está trabalhando para atrair mais pesquisadores nessa vertente.”


Depoimento escrito em agosto de 2023.

Gabriel fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o mestrado na UFRGS em 2021.

Quando se fala em pós-graduação acadêmica em economia, a opinião que beira o consenso é a de que é muito complicado. E realmente, é difícil!! Mas nada que muita dedicação e esforço compensem. Os próprios professores do cursinho simples diziam que foi o período que mais aprenderam. Eu assino embaixo, são dois anos muito intensos com disciplinas obrigatórias que exigem um grau muito grande de comprometimento (principalmente economia matemática). No entanto o retorno é muito legal, realmente aprendemos a estudar e pesquisar de maneira “profissional”. A empregabilidade é bem interessante aqui no RS para economistas, principalmente em instituições financeiras.


Depoimento escrito em julho de 2022.

UFSC

Diego fez o exame Anpec em 2021 e iniciou o mestrado na UFSC em 2022.

O Programa de Pós Graduação em Economia da UFSC (PPGEco) nasceu em 1995, com a criação do curso de Mestrado e, alguns anos depois, o Doutorado.

Os cursos (Mestrado e Doutorado) possuem um corpo bastante quantitativo. Eles nos recomendam fortemente que façamos o curso de verão de Introdução à Análise do Departamento de Matemática, que acontece antes do início do ano letivo, para que acompanhemos melhor a disciplina de Microeconomia. A grade do curso no primeiro semestre se inicia com uma matéria de “nivelamento” de Métodos Quantitativos, onde aprendemos álgebra linear, cálculo no geral e chegamos até otimização dinâmica. Em seguida, iniciam-se as disciplinas de Macro I, Micro I e Econometria I, também com um viés quantitativo bastante forte.

No caso do Mestrado, a partir do segundo semestre, temos apenas mais uma disciplina obrigatória (Seminário de Dissertação) e precisamos cumprir mais 3 matérias optativas até o fim do curso. Os professores costumam recomendar que façamos Macro II, Micro II e Econometria II, mas há diversas outras opções mais voltadas para o mercado de trabalho, como Economia Monetária e Sistema Financeiro, Microeconometria e Mercado de Capitais, e também matérias mais conceituais, como Teorias do Desenvolvimento (obrigatório para o Doutorado), Economia Comportamental, Economia Brasileira, etc. Esta variedade de disciplinas optativas torna o curso bastante diverso, o que reflete também nas linhas de pesquisa: Economia Aplicada e Economia do Desenvolvimento. Assim, os alunos podem seguir diferentes caminhos com o mesmo nível de qualidade.

O curso é conceito 5 na CAPES até o presente momento, mas há um esforço muito grande da coordenação para subirmos para 6. Os professores recomendam bastante a internacionalização da vida acadêmica, seja terminando o Mestrado no PPGEco e buscando um Doutorado fora, seja fazendo um sanduíche no Doutorado do próprio PPGEco. A maioria dos professores possui PhD, sanduíche ou Pós-Doutorado no exterior. Há também muitos egressos do Mestrado fazendo PhD, ou fora, ou nas “top-4” daqui do Brasil.

Com relação ao ingresso, é considerado apenas o Exame ANPEC, com peso igual de 20% para Matemática, Estatística, Macro, Micro e Economia Brasileira. Não é necessária carta de recomendação ou outras coisas.

Até 2022, a UFSC costumava chamar até aproximadamente a colocação 300 e pouco da ANPEC, desde que o candidato tivesse argumento positivo na prova. Mas, em decorrência da baixa demanda por vagas em cursos de pós graduação nos últimos anos, a partir de 2023 houve uma flexibilização quanto a isso, e agora é possível também ingressar no curso com conceito negativo, no caso de as vagas não serem preenchidas. Portanto, é possível que esta “colocação de corte” passe do 400º em alguns casos. No entanto, se você quiser uma bolsa, precisará obter uma colocação melhor, porque há 8 bolsas disponíveis para as 15 vagas abertas no curso (tudo isso no caso do Mestrado).

Por fim, vale salientar o ambiente extremamente acolhedor e confortável da UFSC, tanto pelo estilo do campus, muito arborizado, com bosques e praças, quanto por Florianópolis, uma cidade com natureza, praias, esportes, serviços e oportunidades de emprego.

Recomendo muito o ingresso no PPGEco da UFSC!


Depoimento escrito em julho de 2023.

UFPel

Magnus fez o exame Anpec em 2020 e iniciou o doutorado na UFPel em 2021.

Iniciei meu doutorado em 2021 no Programa de Pós-Graduação Organizações e Mercados – PPGOM da UFpel. A cidade é bem acolhedora e tranquila, mais apresenta um custo de vida relativamente alto. Esse custo de vida alto fica evidente nos preços dos alugueis. O programa oferece uma boa estrutura física com salas amplas. As disciplinas são bastantes exigentes e nos preparam tanto para a docência no ensino superior quanto para a atuação em instituições público/privadas.

Os professores são muito capacitados, com a grande maioria tendo realizado a pós-graduação em alguns dos melhores cursos de pós-graduação do país e alguns com experiência em universidades fora do país.

Os cursos/disciplinas do programa abordam os conteúdos pautados pelas principais literaturas da área. Existe oferta de muitas disciplinas voltadas para o aprendizado de métodos quantitativos. As disciplinas optativas em sua maioria abordam o uso de algum software estatístico, os quais os professores apresentam um domínio da ferramenta e dos conceitos bastante aprimorados.

Em suma, recomendo o centro, pois o mesmo irá, com certeza, contribuir para a ampliação dos conhecimentos nas principais áreas da economia e no uso de ferramentas estatísticas para a realização de experimentos e de avaliação de políticas públicas, entre outras contribuições a carreira acadêmica dos que aqui realizarem seu mestrado ou doutorado.

PS.: os professores são bastante acessíveis e estão sempre dispostos a contribuir com o esclarecimento de alguma dúvida do aluno. 


Depoimento escrito em julho de 2022.

UFSM

Olá pessoal! Meu nome é Mariza de Almeida, tenho 23 anos, sou pesquisadora, orientadora, doutoranda em Economia Aplicada na ESALQ/USP, mestre em Economia e Desenvolvimento (PPGE&D) pela Universidade Federal de Santa Maria e graduada em Ciências Econômicas pela Universidade de Passo Fundo. Atuo na área de economia, setor agropecuária e emissões de gases de efeito estufa.

Diferente de muitas pessoas, eu não tinha uma profissão a seguir quando estava no fim do ensino médio (o sonho de criança). Entrei no dilema de qual área seguir, não sei como funciona isto nas outras regiões do Brasil, mas quando estava no ensino médio eles faziam o teste de vocacional para você identificar qual área está de acordo com seu perfil. As áreas indicadas para o meu perfil foram administração, contabilidade, economia e algumas engenharias. Minha mãe empreendedora gostaria que ficasse na Administração e meu pai agricultor queria que fizesse Engenharia Agronômica. Novamente, não sabia o que escolher!! Comecei a analisar minhas opções, percebi que naquela época havia muita gente fazendo administração, contabilidade e agronomia. Então, resolvi ser a diferente e encarei a dita Ciências Econômicas. Não sabia ao certo do que se tratava, mas achava legal a parte de inflação, PIB….

Durante a graduação, eu trabalhava o dia todo e a noite ia nas aulas. Confesso que sempre gostei de fazer muitas coisas ao mesmo tempo e, nesses 4 anos, além fazer 44 disciplinas entre optativas e obrigatórias, eu trabalhei na empresa júnior, participei de projetos de pesquisa e extensão e estagiei durante 6 meses na Instituição Financeira Cooperativa Sicredi. Reconheço agora, ao fazer o mestrado e estar no doutorado, que a universidade pública pega mais firme nas disciplinas e, também noto, que o fato de ter dedicação total ao mestrado e o doutorado, me fizeram crescer muito como profissional.

Como a economia é uma caixinha de surpresa (está presente em grande parte do que fazemos e pensamos), quando chega na hora de escolher seu tema de monografia começa toda a confusão, novamente. Naquela época percebi que tinha dois amores, os quais são casados comigo até o presente momento (hehehe… pensou bobagem), a economia e o setor agropecuário, juntei as duas áreas e fiz minha monografia (depois a dissertação e, agora, me encaminho para a tese). Nesse período da graduação, o fato de trabalhar na área privada e, também, participar de projetos de pesquisa e extensão e gostar de ajudar os colegas com os estudos, me instigou a ver com bons olhos a área acadêmica e quando percebi estava eu me inscrevendo para seleções de mestrado.

As principais dificuldades que encontrei (mas recebi ajuda de alguns professores) e foi um dos motivos de criar um instagram (@estudante_de_economia), foi saber quais os cursos de mestrado e doutorado; quais apresentavam as propostas conforme o que eu queria estudar; como funcionava a seleção; fazer um projeto de pesquisa; me preparar para a entrevista; e, estudar para a prova (as quais envolvem todo o conhecimento adquirido no curso, principalmente as disciplinas de matemática, estatística, econometria, macroeconomia, microeconomia, desenvolvimento econômico e as de história econômica).

Cada um desses pontos é essencial para entrar no mestrado/doutorado…. num primeiro momento parece que não vai dar certo, mas a organização do seu tempo é a coisa mais importante.

Optei por não fazer a Anpec e escolhi dois mestrados que apresentavam as linhas de pesquisa que eu queria seguir e apresentavam professores que eu gostaria de trabalhar (levei em conta a distância da minha casa, o que não aconteceu no doutorado). Após escolher, baixei o edital e fui colocando no papel cada coisa que deveria fazer (prova, entrevista, projeto, leitura de textos específicos), além disso, analisei o perfil dos professores (currículo lattes) e os últimos trabalhos realizados. Isso tudo para escrever o projeto e ter certeza do programa que estava escolhendo! Por fim, montei um cronograma detalhando o tempo que deveria me deter no projeto e o tempo para estudar o conteúdo cobrado na prova (não foi fácil, mas não desisti!!) Detalhe: não realizei a ANPEC, mas as dificuldades são as mesmas, os conteúdos de muitas seleções internas são retirados de provas da Anpec ou seguem a mesma linha de pensamento (sei disso porque conversei com várias pessoas que fizeram a prova para entrar no mestrado ou/e doutorado).

Felizmente, passei nos dois programas os quais tinha me proposto a entrar. De igual maneira, aconteceu com o doutorado, me inscrevi para prestar o doutorado na ESALQ/USP, UNB e UFV, passei na ESALQ/USP e UNB, escolhi a que estava relacionada com minha área e que está entre as 5 melhores do mundo em pesquisas na agronômica, ESALQ/USP. Sou muito feliz em minhas escolhas, tanto a UFSM quanto ESALQ/USP apresentam bons professores, boa estrutura física, são bons centros de pesquisas. Digo uma coisa, muito particular, se você é um bom aluno, sua pesquisa será boa em qualquer universidade.

Enfim, quero lhe dizer, sempre vai haver dificuldades, como passar nas seleções, nas disciplinas do curso e viver distante da família, mas, também, vai ter muita alegria de ter passado por tudo isso, de ter um grande aprendizado, de crescer profissionalmente e pessoalmente. Desejo a você, toda sorte, foco, determinação, força, que você não pare e não desista das suas metas e sonhos. Não esquece de me seguir no instagram @economicando_, lá dou muitas dicas.


Depoimento escrito em outubro de 2019.

Universidades no exterior

Meu nome é André Pacheco. Fiz minha graduação em economia na Universidade de São Paulo, mestrado em economia na New York University (NYU) e atualmente estou cursando o PhD na Trinity College Dublin da Irlanda, aonde atuo como pesquisador do centro IM-TCD para pesquisa em macroeconomia internacional. Minhas áreas de pesquisa são macroeconomia e finanças internacionais. Antes de me mudar para a Irlanda para fazer o PhD, trabalhei como estrategista e macroeconomista do Banco BTG Pactual em São Paulo.

Eu decidi fazer mestrado em economia ainda durante a graduação. Um ano antes de me formar, fazia estágio no departamento de pesquisa econômica e estratégia uma grande instituição financeira brasileira. Tinha bastante interesse em seguir carreira na área. Na ocasião, meu chefe indicou que era necessário ter um bom mestrado para ter sucesso nesse campo de atuação. Por conta disso, resolvi fazer mestrado.

A decisão de fazer doutorado veio após eu finalizar meu curso de mestrado. Quando conclui meu curso na NYU, voltei para o mercado financeiro brasileiro para trabalhar como economista e estrategista. Depois de alguns anos, percebi que haviam várias perguntas relevantes na área de finanças internacionais que permaneciam um mistério para pesquisadores, agentes de mercado e formuladores de política econômica. Minha decisão de cursar o doutorado foi motivada pelo desejo de gerar uma contribuição para esse debate.

Voltando para a questão do mestrado, resolvi fazer meu mestrado fora do Brasil ao invés de prestar a prova da Anpec por conta de alguns motivos. Dentre eles, o tempo que as coisas aconteceram teve papel importante: apliquei para os programas de mestrado no exterior durante o segundo semestre do terceiro ano da minha graduação. Fui aceito em programas de mestrado ainda no final do terceiro ano e consegui me formar na graduação na metade do quarto ano de modo que pude iniciar o mestrado no segundo semestre do que seria meu quarto ano. Com isso, não prestei a prova da Anpec pois já havia sido aceito para estudar fora no fim do terceiro ano – antes mesmo de começar a me preparar para a prova. Apliquei para mestrados no exterior pois queria ter contato com pesquisadores e instituições fora do Brasil.

O mestrado em economia na NYU dura dois anos e possui matérias de ciclo básico e eletivas. De modo geral, o curso é dividido pela metade entre eletivas e obrigatórias. As matérias obrigatórias possuem a versão básica e a versão avançada e cabe ao aluno decidir que versão irá cursar para cada uma das obrigatórias. As matérias na versão avançada têm como objetivo preparar os alunos para aplicar para cursos de PhD após sua conclusão e geralmente são frequentadas pela minoria dos alunos. Para alunos que buscam fazer o doutorado, essa preparação também inclui a possibilidade de cursar matérias de matemática no mestrado da Courant Institute of Mathematical Sciences da Universidade.

Já para alunos que buscam ir para a iniciativa privada após o mestrado, o curso oferece diversas matérias com professores renomados que possuem enfoque mais prático. Durante meu tempo na NYU, alunos do mestrado em economia podiam cursar matérias dadas por importantes formuladores de política econômica que estiveram na linha de frente durante a Grande Crise Financeira.

Nesse sentido, o curso é bem flexível pois dá ao aluno a possibilidade de escolher disciplinas de acordo com seu objetivo para após a conclusão do mestrado. Na minha visão, o programa da NYU apresenta alguns pontos fortes. O principal deles é o excelente corpo docente que o departamento tem. A Universidade conta com vencedores de prêmio Nobel que seguem ativos lecionando e participando de conferências e seminários. Qualquer interação com eles e outros pesquisadores sêniores da Universidade é fonte de ensinamentos e insights importantes.

Outro ponto forte da NYU são as conferências e palestras fornecidas por diretores de bancos centrais e formuladores de política econômica de modo geral. Esses eventos também estão associados a localização da Universidade no principal centro financeiro do mundo, o que também gera oportunidades de networking interessantes.

Um outro ponto que foi muito importante para mim foi a oportunidade de estagiar na consultoria econômica do Nouriel Roubini, que também é professor da NYU. Por conta desse vínculo, sua consultoria constantemente conta com a colaboração de alguns alunos do mestrado nas áreas de pesquisa econômica e quantitativa.

Na minha opinião, o principal ponto fraco do mestrado da NYU é a falta de exigência de uma tese acadêmica e defesa para conclusão do curso.

A principal dificuldade que tive durante o mestrado foi a distância dos meus amigos e familiares. Ao se mudar para o exterior para cursar pós-graduação em economia, os alunos enfrentam desafios não só acadêmicos, mas também no âmbito pessoal por conta da distância.


Depoimento escrito em outubro de 2020.