No artigo anterior da série Economia Brasileira apresentamos algumas características gerais da prova, bem como os centros que a utilizam e algumas de nossas impressões sobre a prova. No presente artigo falaremos sobre o conteúdo cobrado. Destacaremos a divisão dos tópicos e a relevância destes. Falaremos da bibliografia indicada pelo manual do candidato, assim como da que indicamos.
Programa da Prova:
De forma geral a prova de Economia Brasileira da Anpec aborda temas relacionados à história econômica brasileira, como: política econômica (monetária, fiscal e cambial), desenvolvimento econômico, industrialização, desigualdade de renda, entre outros. Isso para o período desde a República Velha até os governos Lula e Dilma.
Há basicamente dois formatos possíveis para as questões: podem perguntar alguns temas de um governo específico ou então sobre como eram os governos com relação a um determinado tema. Nos últimos anos, tem crescido a quantidade de questões neste segundo formato.
O programa da prova, segundo o manual do candidato 2020 (referente ao exame de 2019), pode ser visto abaixo:
- A Economia Brasileira de Fins do Século XIX até a Crise de 1929.
- A Industrialização Brasileira e a política econômica do Período 1930-1945.
- O Pós-Guerra e a Nova Fase de Industrialização: a política econômica e o Plano de Metas.
- O Período 1962-1967. A desaceleração no crescimento. Reformas no sistema fiscal e financeiro. Políticas antiinflacionárias. Política salarial. Os planos Trienal e PAEG.
- A Retomada do Crescimento 1968-1973: desaceleração e os planos econômicos do período. A economia brasileira na década de 1970 e o II PND.
- A crise da década de 1980. A interrupção do financiamento externo e as políticas de estabilização.
- Aceleração inflacionária e os planos de combate à inflação. O debate sobre a natureza da inflação no Brasil.
- Abertura comercial e financeira: impactos sobre a indústria, a inflação e o balanço de pagamentos. O debate sobre desindustrialização/reprimarização da economia brasileira.
- O papel do Estado na economia brasileira do século XX e na atualidade.
- Tópicos Adicionais. O papel da agricultura no desenvolvimento econômico. Desequilíbrios regionais. Distribuição de renda e pobreza. Relações com a economia internacional: integração, política industrial e dívida externa. A reforma do estado e as privatizações. Mercado de trabalho e emprego.
Como é possível observar, o programa da prova de Economia Brasileira é bem extenso e a divisão dos tópicos feita pelo manual do candidato é bem detalhada. Isso é importante para que o candidato tenha conhecimento do que será cobrado no exame.
Entretanto, na hora de organizar os estudos, pode ser mais fácil dividir o conteúdo em uma quantidade menor de tópicos. Uma boa opção é seguir a divisão utilizada pelo livro de resoluções de questões da Anpec, da editora Elsevier:
- A I República
- A Era Vargas
- De Dutra a JK
- Da Crise dos Anos 1960 ao ‘Milagre’
- O II PND e a Crise dos Anos 1980
- Os Planos de Estabilização
- História da Industrialização
- Temas Transversais
Sendo que o tópico 8 (Temas Transversais) refere-se às questões que abordam determinado tema para mais de um período histórico e também questões referentes ao passado recente da economia brasileira (a partir do primeiro governo Lula).
A divisão do conteúdo como proposta pelo livro da Elsevier é mais simples e intuitiva, de forma que a utilizaremos como padrão no restante do artigo. Na próxima seção destacaremos a importância de cada tópico na composição da prova.
Relevância de Cada Tópico:
A tabela a seguir contém a quantidade de questões que caiu sobre cada um dos tópicos, para cada ano de Anpec entre 2005 e 2020.
As questões se concentram principalmente nos tópicos referentes a “Temas Transversais”, “Da Crise dos Anos 1960 ao ‘Milagre’”, “De Dutra a JK” e “O II PND e a Crise dos Anos 1980”. Sendo que, dentre estes, “Temas Transversais” vem ganhando ainda mais espaço desde 2015. Isso evidencia que nos últimos anos a prova caminha na direção de abordar vários períodos históricos em uma mesma questão. De fato, é cada vez mais comum encontrar questões relacionadas a temas como abertura comercial, o papel do Estado na economia, distribuição de renda e desemprego; atravessando diversos períodos da economia brasileira.
Essa tendência torna a prova de Economia Brasileira ainda mais desafiadora, já que além do conhecimento específico sobre cada período histórico abordado, os candidatos também devem conseguir relacionar esses diversos períodos a grandes temas econômicos.
Cabe ainda lembrar que é relativamente comum a existência de questões com itens extremamente específicos. Abordando, por exemplo, detalhes sobre a burocracia estatal ou sobre a economia de alguma região brasileira em determinada época. Dificilmente os candidatos conseguem chegar na prova com um conhecimento tão detalhado e isso explica em grande medida o motivo das notas no exame não serem tão elevadas.
Uma dica para minimizar esse problema é ter cuidado com os chutes e evitar responder os itens que cobram conhecimentos tão específicos.
Na próxima seção iremos tratar da bibliografia indicada pelo manual do candidato e a que indicamos para a sua preparação.
Bibliografia Indicada:
A bibliografia sugerida pelo Manual do Candidato é consideravelmente extensa. Sendo mais um possível obstáculo na preparação dos candidatos, visto que dificilmente há tempo hábil para estudar todos os livros indicados. Na figura abaixo você pode ver toda a bibliografia indicada pelo Manual do Candidato.
Apesar da extensa bibliografia sugerida pelo Manual do Candidato, é possível ter uma boa preparação para a prova com apenas alguns livros:
- GREMAUD, Amaury Patrick; VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval de; TONETO JÚNIOR, Rudinei. Economia brasileira contemporânea. 2017.
- GIAMBIAGI, Fabio; VILLELA, André Arruda. Economia brasileira contemporânea. Elsevier Brasil, 2005.
- ABREU, Marcelo de Paiva et al. A ordem do progresso: dois séculos de política econômica no Brasil. São Paulo: Campus, 2014.
A prova de Economia Brasileira tende a ser fortemente baseada no livro A Ordem do Progresso. Sendo que este tem uma leitura densa e completa, com um nível de detalhamento grande, o que ajuda muito nas questões específicas de cada período histórico.
Por outro lado, Economia Brasileira Contemporânea de Giambiagi e Economia Brasileira Contemporânea de Gremaud, Toneto e Vasconcellos possuem um estilo mais leve e resumido. Além disso, também apresentam alguns capítulos discutindo grandes temas da história econômica brasileira, o que pode facilitar muito a resolução das questões relacionadas a “Temas Transversais”.
O livro Economia Brasileira Contemporânea de Gremaud, Toneto e Vasconcellos não está entre os presentes na bibliografia sugerida pelo Manual do Candidato. Entretanto, por abordar grande parte do conteúdo exigido na prova e por ser uma leitura mais leve, também o indicamos para a preparação dos candidatos. Cabe a ressalva que por não estar na bibliografia oficial, tal livro não serve como base para recursos de gabarito.
Vale também ressaltar que cada um dos três livros que sugerimos é mais útil para determinados tópicos, de forma que não é preciso necessariamente ler cada um dos livros por completo.
No próximo artigo, destrincharemos o conteúdo da bibliografia que recomendamos e indicaremos quais capítulos devem ser lidos para cada tópico, além de por onde começar e como resolver as questões.
Esperamos que o conteúdo desse artigo te ajude em sua preparação. Mais dicas de estudos para a prova de Economia Brasileira serão liberadas em breve nos próximos artigos dessa série!
Este artigo foi escrito por Pedro Henrique Venturi.